Conferência Mundial de Educação Superior tem representante de Santos

190 países foram reunidos pela Unesco na Espanha; inclusão e diversidade são encaradas como desafios do setor

Por: Da Redação  -  29/05/22  -  17:46
Atualizado em 29/05/22 - 23:11
Representantes de entidades de todo o mundo debateram o Ensino Superior
Representantes de entidades de todo o mundo debateram o Ensino Superior   Foto: Divulgação

Inclusão e diversidade serão os desafios maiores da educação superior mundial nesse pós-pandemia. Os dois anos de pandemia deixaram ainda mais evidente a urgência dos países focarem na inclusão dos jovens mais vulneráveis no Ensino Superior, como um caminho de reduzir as desigualdades que se acentuaram nesse período.


Essas foram algumas das conclusões a que chegaram lideranças de 190 países reunidos pela Unesco em Barcelona (Espanha), na semana passada, na 3ª Conferencia Mundial de Educação Superior. Entre os representantes brasileiros estava Lúcia Teixeira, presidente da Unisanta, em Santos, e do Semesp, entidade que reúne as universidades privadas do Brasil.


Lúcia destaca a relevância do encontro neste momento de retomada após dois anos de pandemia. “A Educação é um desafio mundial, e todos os países precisam encontrar soluções para uma Educação que caminhe junto com o desenvolvimento sustentável do planeta e da humanidade”.


Os temas mais discutidos na conferência, segundo Lúcia, incluíram impacto da covid-19 na Educação, financiamento e governança nas universidades, cooperação internacional para o Ensino Superior, dados e produção de conhecimento e qualidade dos programas de formação na educação superior. Outro tema do encontro foi avaliar as lições aprendidas com a pandemia de covid-19.


“O mundo enfrenta desafios sem precedentes, do aumento de vulnerabilidade social e sanitária, por causa da pandemia, à crise climática que ameaça a própria sobrevivência da nossa espécie, sem esquecer da polarização política que em várias partes do mundo parece abalar democracias já estabelecidas. A educação superior é impactada por todas essas tendências, ao mesmo tempo que tem o dever de dar uma resposta a elas”, explica.


Nesse contexto, a Educação surge como um caminho para reduzir as vulnerabilidades mas, para isso, é preciso que seja acessível e de qualidade a toda a população. Entre as propostas levadas pelo Semesp ao encontro da Unesco está o foco no aumento do financiamento público ao Ensino Superior, por meio de mecanismos como o Fies e ProUni.


No Brasil, a taxa de escolarização no Ensino Superior é de apenas 17,8 %, sendo que a meta do Plano Nacional de Educação é de 33% até o ano de 2024. Isso significa que, entre a população de 18 a 24 anos, que deveria estar cursando uma faculdade, apenas 17,8% estão nessa condição. “Nenhuma mágica pode substituir o dinheiro. Nem o melhor dos gestores ou os mais dedicados dos professores podem trazer mais jovens e adultos ao Ensino Superior sem financiamento”.


As universidades públicas carecem de verbas que as permitam operar, crescer e promover pesquisas, diz a presidente do Semesp. Atualmente, o setor privado responde por 77,5% das matrículas na graduação, 84% em cursos de especialização e 31% na pós-graduação stricto sensu.


Exemplos


Lúcia destaca sistemas que funcionam bem na questão do financiamento estudantil. Na Austrália, Inglaterra, Coreia do Sul, Hungria e Japão, o pagamento por parte do recém-formado que teve seus estudos financiados está vinculados à renda, permitindo equacionar a necessidade de expansão do acesso ao Ensino Superior com as restrições do orçamento público para fazer frente a essa despesa.


“É preciso avançar no Brasil, especialmente em tempos de carência de políticas públicas para o Ensino Superior. Os relatórios publicados durante a Conferência, assim como as propostas que apresentamos em debate como contribuição para esse encontro global, indicam que é preciso que os sistemas de Ensino Superior sejam mais dinâmicos, flexíveis, inovadores e menos burocráticos, sem amarras regulatórias que limitam a criatividade e a autonomia das instituições de Ensino Superior”.


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