Cobertura vacinal contra covid-19 na Baixada Santista é desigual

Santos e São Vicente, por exemplo, apresentam diferença acima de 20% de adultos vacinados com a primeira dose

Por: Maurício Martins  -  16/07/21  -  06:49
    As vacinas ainda não podem ser aplicadas em menores de 18 anos
As vacinas ainda não podem ser aplicadas em menores de 18 anos   Foto: Alexsander Ferraz/AT

As duas maiores cidades da Baixada Santista têm situações diferentes na porcentagem de vacinados contra o coronavírus. Com 433.656 habitantes, Santos vacinou 78% (262.746) dos adultos com a primeira dose. São Vicente, que tem 368.355 moradores, chegou a 59% das pessoas vacináveis (166.149). As vacinas ainda não podem ser aplicadas em menores de 18 anos.


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A diferença não para aí. O público acima de 40 anos, com maior risco de ter complicações com a covid-19, tem menor cobertura em São Vicente na maioria das faixas etárias (veja infográfico abaixo). Entre 60 e 79 anos, por exemplo, Santos tem quase 100% de vacinados, enquanto a cidade vizinha não atingiu 65%.


Embora Santos tenha mais idosos, a desproporção entre os municípios também pode ser observada em faixas mais novas. Entre 50 e 59 anos, por exemplo, São Vicente não chega a 50%, enquanto Santos passa de 87%.


As cidades recebem vacinas do Governo Estadual de acordo com a população de cada faixa etária estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como o último Censo foi em 2010 e a cada ano é feita uma projeção estimada de habitantes, podem ocorrer conflitos com a realidade. Um exemplo é a faixa entre 80 e 89 anos em São Vicente, que ultrapassou 100%, ou seja, mais pessoas do que os números projetavam.

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Análise


O secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, considera excelente a cobertura vacinal na Cidade. Ele lembra que abaixo de 35 anos são apenas os que receberam a imunização por fazer parte de grupos prioritários, como pessoas com deficiências e comorbidades.


“Se você for olhar a cobertura de outras cidades, de outros estados, é muito pequena. Isso mostra que a população santista realmente adere à vacinação. A gente vê lugares falando que já estão vacinando 28 anos. Claro, porque a cobertura vacinal nesses lugares é tão pequena que sobram vacinas”, explica.


Segundo Catapreta, não adianta vacinar mais jovens sem atingir completamente as faixas acima de 40 anos, que mais internam e morrem. “Em Santos, recebemos pessoas (mais velhas) das outras cidades para atendimento nos hospitais, porque elas não têm a cobertura vacinal que deveriam”.


O secretário diz que é muito difícil atingir 100% dos públicos e que isso não acontece nem nas vacinas mais tradicionais. “Estamos vendo que as vacinas são eficazes com o padrão dos internados, que foi mudando, o número de mais velhos foi diminuindo. Há queda de mortes em idosos. É muito nítida a redução expressiva das internações com aumento da vacinação”.


Ele explica que a segunda dose ainda tem um percentual baixo, 31% dos adultos, porque não houve o tempo necessário para aplicação (três meses de intervalo para Oxford e Pfizer). “Os faltosos representam o mínimo e as policlínicas fazem busca ativa, telefonam, manda um agente na casa da pessoa. Só não toma quem não quer ou quem morreu”.


Por meio de nota, a secretária de Saúde de São Vicente, Michelle Santos, comentou a diferença entre as coberturas das duas cidades. “Santos tem maioria da população idosa, que foi amplamente vacinada desde o início. A população de São Vicente é mais jovem e, inclusive, esta é a razão pela qual estamos intensificando nossos esforços para baixar cada vez mais a faixa etária a ser imunizada”, diz ela.


Michelle diz que a Prefeitura trabalha para ampliar a cobertura vacinal e melhorar os índices. “A vacinação está indo muito bem na Cidade, não ficamos um dia sequer sem aplicar vacina, pois fizemos um planejamento que nos permite organizar a distribuição dos imunizantes em todos os nossos 27 pontos de vacinação. Já aplicamos mais de 210 mil doses de vacina e nossa expectativa é baixar ainda mais as faixas etárias a serem imunizadas nas próximas semanas”.


Preocupação


O infectologista Evaldo Stanislau considera muito grande a diferença entre as cidades. Ele acredita que a estrutura de saúde mais robusta de Santos e uma melhor comunicação podem ter feito a diferença.


“Seja qual for a razão, é muito importante que todas as cidades vacinem muito, e rápido, todas as pessoas. Somos uma região metropolitana de elevado trânsito de pessoas entre as cidades. Isso pode acarretar a transmissão do vírus e das variantes entre os municípios, e ocorrer aumento de casos mesmo onde temos maior cobertura vacinal”.


*Colaboraram Nathamy Lopes e Isabella Lima


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