Cidades da Baixada Santista negociam compra de vacinas contra a Covid-19

Objetivo das prefeituras da região é garantir imunização a 700 mil pessoas com aquisição direta de imunizantes

Por: Matheus Müller  -  07/04/21  -  10:30

A Baixada Santista negocia a compra de vacinas com fornecedores dos laboratórios detentores dos imunizantes contra a covid-19. A meta é adquirir volume suficiente para vacinar 700 mil pessoas. A informação é do secretário de Planejamento e Inovação de Santos, Fábio Ferraz, que está à frente das conversas com representantes da AstraZeneca, Sputnik e Pfizer.


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“Estamos organizados (os nove municípios) para tentar promover essa compra (das vacinas). Seria uma expectativa de 700 mil pessoas imunizadas, (com base no número de doses) que nós teríamos de condições de comprar para a Baixada. Especificamente no município de Santos, a nossa expectativa seria de 200 mil pessoas imunizadas”, afirma.


O secretário explica que a missão de tomar à frente das negociações foi dada pelo prefeito de Santos e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Rogério Santos (PSDB).


“Estamos já os nove municípios unidos para poder realizar essa compra (...) Independentemente (do consórcio) da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que também é outra boa alternativa”, explica.


O movimento da FNP ao qual Ferraz se refere é o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar). Este conta com a adesão de cinco municípios da Baixada Santista: Cubatão, Itanhaém, Praia Grande, Santos e São Vicente.


O interesse do Conectar é o mesmo: unir recursos próprios, federais (através de emendas parlamentares) e de doações, para poder comprar vacinas. No caso do consórcio, com mais dinheiro disponível, é possível buscar imunizantes a preços melhores.
Ferraz ressalta, porém, que ainda faltam algumas definições sobre o Conecta, como em relação à compra e distribuição das eventuais doses obtidas. Entretanto, o secretário defende esta como mais uma opção que se apresenta para a aquisição de imunizantes contra a covid.


“Infelizmente ainda não tivemos passos concretos. Trata-se de uma operação bastante complexa do ponto de vista jurídico, administrativo e de oferta de vacinas. É o que a gente tem percebido”, diz.


No dia 30 de março, o consórcio formalizou a intenção de compra de 15 milhões de doses da BBIBP-CorV, da Sinopharm, vacina autorizada em outros 38 países. A FNP também teve uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), em 1º de abril para pedir o apoio por uma audiência com o embaixador chinês no Brasil – indicado para as negociações.


700 mil pessoas


Caso consigam comprar doses suficientes para vacinar 700 mil pessoas, os municípios da Baixada Santista ficarão muito perto de imunizar a toda a população acima de 18 anos – é o público a ser vacinado, de acordo com o Plano Nacional de Imunização (PNI).


“Nenhum município conseguiu, ainda, concretizar uma compra (chegar a vacina para imunizar). Estamos muito atentos aqui para conseguir concretizar e ter a oportunidade de realizá-la (vacinação)”, diz.


De acordo com a estimativa populacional do IBGE, em 2020, a Baixada Santista teria algo em torno de 1.881.706 habitantes. Portanto, caso 700 mil fossem vacinados, isso representaria 37,2% de toda a Região.


O percentual acima serve a título de curiosidade, pois é preciso descontar os idosos já imunizados, as crianças e os adolescentes. Em Santos, por exemplo, 19,24% da população recebeu ao menos uma dose – dados de ontem à tarde.


Pessoas mais velhas seguem na prioridade


Ferraz explica que, caso as doses sejam compradas, seja por negociação direta realizada pelos municípios da Baixada Santista ou através do consórcio Conectar, o plano de imunização seguirá o mesmo estabelecido pelo PNI do Ministério da Saúde.


Na prática, isso significa que as pessoas com mais idade vão continuar com prioridade. A expectativa, no entanto, é que a maior parte da população seja protegida o quanto antes.


O secretário ressalta que o repasse do Governo Federal das doses de CoronaVac ou AstraZeneca não seria encerrado, a não ser que a Região conseguisse completar a imunização, algo que beneficia outras cidades do País sem as mesmas condições, e que passariam a receber essas doses.


Doação


As Prefeituras podem usar recursos próprios, verbas federais (como emendas parlamentares, estas mais atreladas ao consórcio), assim como doações nacionais e internacionais. Ferraz inclusive pede a colaboração de empresários, para que contribuam com o Fundo Municipal de Saúde.


“Estamos dialogando aqui com a própria Associação Comercial de Santos (ACS), empresários locais, para que possam ser colaborativos e ajudar através de doação”, destaca Ferraz.


Ele ressalta que a doação não está atrelada a um benefício de vacinação (a familiares ou funcionários). “Não existe essa relação de troca. É uma doação, um espírito altruísta da empresa. Se a gente comprar a vacina, a gente vai seguir o Plano Nacional de Imunização”.


Caso sejam compradas a quantidade de doses desejada, Ferraz acredita que todos acima de 18 anos em Santos estarão protegidos.


“A gente tem cerca de 360 mil pessoas a serem vacinadas, se compro o equivalente (para vacinar) a 200 mil, sendo que já tenho mais de 100 mil pessoas imunizadas (...) Na prática, tenho condições de imunizar a cidade toda, inclusive os funcionários e colaboradores daquelas empresas que doaram”.


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