Biólogo alerta para cobras venenosas na Baixada Santista após criança ser picada em São Vicente

Em 2022 já foram registrados 55 casos na região, que conta com três espécies perigosas; conheça

Por: Gabriel Fomm  -  12/07/22  -  10:19
Atualizado em 12/07/22 - 13:34
A fosseta loreal (orifícios entre o olho e nariz) indica que a cobra é venenosa, como no caso da jararaca da foto
A fosseta loreal (orifícios entre o olho e nariz) indica que a cobra é venenosa, como no caso da jararaca da foto   Foto: Thiago Malpighi

O caso do menino de sete anos que foi picado por uma cobra em São Vicente na última quinta-feira (7) levantou dúvidas sobre a espécie do réptil. Segundo o biólogo Thiago Malpighi, na Baixada Santista há apenas três tipos de cobras venenosas, a jararaca, jararacussu e, uma espécie de coral verdadeira, a Micrurus Corallinus.


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Neste ano, segundo informações passadas por oito cidades da região (Cubatão não respondeu), foram registrados 55 casos de pessoas mordidas por cobras. Peruíbe foi a única cidade da região a confirmar uma morte.


Em comparação ao ano anterior, as mesmas cidades registraram um total de 108 pessoas mordidas por cobras. Uma morte foi registrada em Itanhaém e a Cidade foi a com maior número de casos (39) em 2021.


“Se acontecer, precisar procurar a unidade de saúde mais próxima imediatamente. Hoje as soroterapias são todas no Sistema Único de Saúde (SUS). Após o primeiro atendimento, se houver necessidade, será administrado o soro (antiofídico)”, comenta Thiago, que trabalha com o manejo de fauna silvestre em Peruíbe, incluindo serpentes venenosas.


O biólogo diz que, de imediato, o local da mordida pode ser lavado e o paciente deve se manter bem hidratado, porém o atendimento médico é indispensável. “Não existe nenhuma medida caseira, receita ou procedimento que deve ser adotado”, explica.


“Não fazer medidas como torniquete, sucção, incisões ou aplicação de qualquer substância. Isso tudo pode piorar o quadro. O único tratamento eficaz é a administração do soro antiofídico adequado”, conclui.


Distinção
A diferenciação das espécies presentes na Baixada Santista não é tão fácil de ser feita. Thiago reforça que não é necessário saber qual cobra mordeu para realizar o tratamento.


“As manifestações clínicas, os sinais e sintomas, bem como os exames laboratoriais complementares são suficientes para uma correta identificação do tipo de acidente e classificação em leve, grave ou moderado", informa.


Uma forma de distinguir se a cobra é venenosa ou não é a presença de fosseta loreal, que é são orifícios entre o olho e a narina do réptil. O biólogo conta que no Brasil todas serpentes com esse orifício são venenosas.


“O animal do grupo das cobras corais tem aquelas colorações clássicas de anéis pretos, vermelhos e brancos, tendo esse padrão coralino provavelmente é uma coral. A orientação é não tentar distinguir entre a coral falsa e verdadeira”, explica.


Diversidade
O biólogo explica que há diversas espécies inofensivas, como as dormideiras, cobras cipós e cobras d'água.


“Encontramos as serpentes com mais frequência nas áreas periurbanas ou próximas a fragmentos florestais, mas podemos encontrar também nas partes mais urbanizadas”, diz.


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