Bioconstrução é um caminho que favorece o meio ambiente

Uma nova forma de construir, explorando matérias primas naturais e reaproveitando resíduos

Por: Da Redação  -  07/06/19  -  00:05
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Estima-se que mais de dez toneladas de coco, em média, sejam comercializadas na Baixada Santista a cada fim de semana. Para muitos pesquisadores, o resíduo desse tipo de comércio pode ser a base para o que se convencionou chamar de bioconstrução.


É o caso, por exemplo, dos estudantes Keylla Oliveira, Danielli Santos e Eduardo Correia, da Escola Técnica Estadual (Etec) Heliópolis, em São Paulo. O grupo é responsável pela criação de telhas feitas com fibras de coco e embalagens longa vida pós consumo.


O produto final, testado por profissionais da área da construção civil, mostrou se capaz de suportar cargas de 150 kg por metro quadrado. Além disso, as biotelhas são 15 quilos mais leves do que as convencionais e possuem uma vida útil de aproximadamente 25 anos, a mesma dos produtos hoje encontrados no mercado convencional.


Mas se você não quiser as biotelhas, pode optar por uma cobertura viva e criar um telhado verde, cuja principal característica é a utilização de plantas sobre a laje. A adoção desse método, que gera desconto no IPTU em várias cidades brasileiras, como Santos, também proporciona outros benefícios.


O primeiro deles é a substituição dos materiais tradicionais pelo substrato e as plantas, reduzindo a pressão por matérias primas não renováveis, como minérios.


Além disso, o telhado verde reduz “em cerca de 70% de temperatura interna”, afirma Sérgio Rocha, diretor do Instituto Cidade Jardim, e responsável pela implantação de telhados verdes na Baixada Santista.


Menos cimento


Outra possibilidade aberta pelas técnicas da bioconstrução é reduzir a produção de cimento, um produto que, sozinho, é responsável por 5% de todas as emissões de gás carbônico (CO2) no mundo.


É o que fez o estudante Sandro Lúcio Rocha, da zona rural de Caculé (BA), um dos vencedores do último Prêmio Jovem Cientista. Para construir um sistema de captação de água de chuva, ele desenvolveu uma técnica que tornou possível construir caixas d’água com garrafas pet e cimento feito com cinza da fibra do coco.


“Eu desenvolvi o cimento a partir da fibra da casca do coco. Tentei solucionar também o problema do descarte das cascas, pois o Nordeste é o maior produtor de coco do Brasil”, revelou o estudante.


No reaproveitamento, a hora e a vez dos resíduos


As bitucas de cigarro são o principal resíduo encontrado nas praias de Santos – e, talvez, do mundo. O dado faz parte de uma pesquisa do Instituto Mar Azul, que realiza, há vários anos, mutirões de limpeza do chamado microlixo nas praias santistas.


No Brasil, a Universidade de Brasília (UnB) já havia desenvolvido uma técnica pioneira para transformar a bituca em papel. Agora, as famigeradas bitucas, com suas quase 7 mil substâncias tóxicas, podem se transformar em tijolos – para muitos, o segundo produto mais utilizado no mundo, abaixo apenas da água.


Por isso, pesquisas como a do australiano Abbas Mohajerani, recebem grande atenção. Em seu laboratório, Abbas criou um tijolo feito com bitucas de cigarro.


O primeiro ponto positivo do estudo é que todas as substâncias tóxicas da bituca ficam presas à massa do tijolo, que é mais leve e com melhor isolamento térmico do que os modelos tradicionais. Tudo isso sem falar no fato de que o tijolo com bitucas pode ser até 40% mais barato dos que os encontrados hoje no mercado.


Outros materiais


Mas as técnicas de bioconstrução vão muito além da incorporação de resíduos nos materiais construtivos. Tijolos podem até mesmo serem feitos garrafas PET ou até mesmo, urina. Mas vamos por partes.


O tijolo de PET foi criado pelo economista Mário Augusto Batista Rocha, que o batizou de Composto de Resíduo Plástico ou Crep. Cada um desses biotijolos utiliza cerca de vinte garrafas PET e o material pode ser empregado em materiais não-estruturais, como blocos para pisos de calçadas, meio-fio e estacas entre outros.


Já o tijolo de urina foi desenvolvido na Escócia, mais precisamente na Faculdade de Arte de Edimburgo. O engenheiro Peter Trimble, responsável pelo trabalho garante que o protótipo exige menos energia do que o tijolo tradicional em seu processo produtivo e não produz gases de efeito estufa.


Virtuoso


A adoção desse método, que ainda gera desconto no IPTU em várias cidades brasileiras, como Santos, também proporciona outros benefícios.


Cartilha


A bioconstrução se baseia no princípio de que é possível construir tendo um impacto ambiental muito baixo. Para promover este conceito e apresentar técnicas práticas, os interessados podem baixar a Cartilha da Bioconstrução no site do Ministério do Meio Ambiente. Entre os destaques do material, está o uso de materiais locais, como terra, pedra e madeira, além de fibras naturais e resíduos pós-consumo. O material também incentiva o uso de técnicas simples, como a ventilação cruzada, mas pouco utilizadas, principalmente nos grandes edifícios. Vale ressaltar, por fim, que as técnicas de bioconstrução permitem reduzir sensivelmente o custo final das obras.


Agende-se


Sexta-feira (7)


Orquidário


❚ 14h: Oficina cuidadores de árvores.


❚ 15h: Contação de história.


Jardim Botânico Chico Mendes


❚ 8h30: Visita monitorada com demonstração de composteira.


❚ 9h30: Encontre a árvore: atividade para crianças a partir de 6 anos. Explorar as diferentes texturas das árvores.


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