Bandeira do Brasil, símbolo de coletividade celebrado desde 1889

Pavilhão nacional tem seu dia celebrado nesta sexta-feira (19)

Por: Pedro Porto*  -  19/11/21  -  13:51
A Bandeira do Brasil teve seu formato atual adotado quatro dias depois da Proclamação da República
A Bandeira do Brasil teve seu formato atual adotado quatro dias depois da Proclamação da República   Foto: Luigi Bongiovani/AT

Criado quatro dias após a Proclamação da República, o Dia Nacional da Bandeira é comemorado em 19 de novembro e sempre esteve atrelado às diferentes noções e percepções de nação. Tida por especialistas como uma representação que condensa em uma flâmula aquilo que representa um coletivo, uma nação, o impacto de seu uso gera discussão entre especialistas.


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Conforme o professor de História da Universidade Católica de Santos (UniSantos) e doutor pela Universidade Federal do ABC, Leandro Alonso, a elaboração desse sentimento de pertencer à Pátria precisa contemplar aspectos, como cores, desenhos e símbolos que ajudem as pessoas a formar uma certa memória do Brasil.


“Para que as pessoas se conectem com esses elementos, precisam ter um tipo de experiência compartilhada, que reúna, conecte, faça com que as pessoas olhem para o passado e enxerguem um tipo de pertencimento.”


Alonso se questiona se, quando as pessoas olham a bandeira, enxergam algum símbolo de identificação. O professor acredita que, hoje, usar a bandeira para se expressar significa ter um posicionamento.


“O verde e amarelo, que é a chave de identificação entre o Governo Federal e o símbolo nacional, vem para fazer uma contraposição em relação ao que seria o pensamento de um governo de esquerda. Dizem que ‘a bandeira jamais será vermelha’, e aqui estou colocando a bandeira como símbolo de uma representação do que se espera que não aconteça”. Para Alonso, os símbolos nacionais precisam, para se consolidar, de ação pedagógica, da escola e da memória coletiva.


Para o também professor Reinaldo Martins, a bandeira representa o País. “É a ligação entre nós, brasileiros, e o exterior”. Ele diz que a representação é a mesma desde sua criação, substituindo tanto a bandeira do Império quanto outra — segundo ele, copiada dos Estados Unidos —, só que pintada de verde e amarelo, que os republicanos impuseram em 15 de novembro.


“Atualmente, o uso da bandeira não tem se popularizado”, diz Martins. Ele acredita que ela tem tido seu simbolismo “distorcido, apoderado por uma parcela da sociedade como se o País fosse só dela, insinuando que a outra parcela pretenderia se utilizar de uma bandeira vermelha”. Para o professor, é uma “atitude típica das correntes fascistas querer monopolizar o sentimento patriótico e lançar sobre os outros a pecha de inimigos da Pátria”.


Origem
Reinaldo Martins diz que as cores verde e amarela apareceram pela primeira vez na bandeira do Império. O primeiro imperador, d. Pedro I, era da dinastia de Bragança, representada pela cor verde, e sua mulher, Leopoldina, era austríaca, da dinastia de Habsburgo, com a cor amarela como símbolo.


“A República manteve as cores, mas inventou que o verde são as matas e o amarelo o nosso ouro, e substituiu o brasão da monarquia pelo círculo cortado pela frase positivista ‘Ordem e Progresso’. Durante a ditadura militar, havia severas regras quanto ao uso e à exposição da bandeira.”


(*) Reportagem feita como parte do projeto Laboratório de Notícias A Tribuna-UniSantos sob supervisão do professor Paulo Bornsen e do diretor de Conteúdo do Grupo Tribuna, Alexandre Lopes


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