Bancos alteram taxas de juros das linhas da habitação

Caixa barateou crédito corrigido pelo rendimento da poupança

Por: Rosana Rife  -  18/09/21  -  11:43
Atualizado em 20/09/21 - 13:55
 Devido à alta da Selic para combater a inflação, maioria dos bancos revisou juros para cima, mas não a ponto de afugentar a procura por financiamento imobiliário
Devido à alta da Selic para combater a inflação, maioria dos bancos revisou juros para cima, mas não a ponto de afugentar a procura por financiamento imobiliário   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A Caixa reduziu os juros do financiamento habitacional atrelado à poupança na última quinta-feira, em 0,4 ponto percentual. Com isso, é possível contratar a linha com juros a partir de 2,95% ao ano, mais a remuneração da caderneta. A medida deve representar um fator a mais para manter as vendas aquecidas no setor imobiliário.


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“As perspectivas para 2022 estão positivas, ainda mais com a Caixa reduzindo juros para crédito imobiliário. Ela é quem mais financia no mercado”, diz o diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon), Lucas Teixeira.


Apesar de considerada positiva, a ação vem na contramão do que outras instituições financeiras estão praticando. Muitos agentes financeiros decidiram elevar suas taxas devido às sucessivas altas da Selic promovida pelo Banco Central (BC).


“Segundo o último boletim Focus do BC, devemos fechar o ano com a Selic a, no mínimo, 8% aoano e a gente já vê os bancos se movimentandono sentido de aumento dos juros”, avalia o economista e sócio da Zahl Investimentos, Joni Vargas.


Ele, no entanto, não acredita em impacto negativo no cenário de venda de imóveis. “Isso seráinsuficiente para impedir que as famílias tomem a decisão de compra, porque o principal ritmo de crescimento no mercado imobiliário está ligado à classe média para alta de renda”, acrescenta Vargas.


“Esse é um mercado muito sensível a taxa de juros, mas ainda estamos em um momento muito positivo para o segmento residencial”, complementa o gestor de fundos da Integral Group, Angelo Ferrareto.


O diretor regional do Secovi (Sindicato da Habitação), Carlos Meschini, também concorda. “Alta de juros impacta bastante. A gente estava feliz, navegando em torno de 7% ao ano. E hoje trabalhamos com cenário em torno de 9% ao ano. Mas, antes os juros estavam em 10% e 12% ao ano, então ainda está bom”.


EXPLICAÇÃO
A inflação é o vilão na fase atual da escalada dos juros. Para conter a disparada dos preços, o BC optou por aumentar a Selic.


No momento, há uma oferta robusta de crédito e demanda para os recursos, aquecendo o setor imobiliário, embora as instituições financeiras já estejam mais rigorosas para a concessão desses empréstimos, explicam os especialistas.


“O Banco Central segura a inflação freando o consumo por meio de aumento de juros e do compulsório dos bancos. Nesse último caso, há uma redução da disponibilidade de recursos dos bancos. Mas se o Governo conseguir colocar a inflação nos eixos, a gente vai ter oferta de crédito normal porque tem dinheiro suficiente no mercado”, diz Ferrareto.


PESQUISA
A dica para quem está interessado em financiar um imóvel é pesquisar as taxas que estão vigorando agora (veja quadro). Faça simulações também nos sites dos bancos. Para o delegado regional do Conselho de Fiscalização do Profissional Corretor de Imóveis (Creci), Carlos Ferreira, a concorrência no setor poderá favorecer o consumidor.


“Os bancos estão brigando entre si e o clientepode fazer a portabilidade (do financiamento) aqualquer momento. Sem contar que, dependendo do tipo de relacionamento que ele tiver com ainstituição, também consegue taxas melhores. Omomento está muito promissor e o mercado estáexcelente”, comenta.


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