Baixada Santista tem o maior número de mortes por leptospirose do estado
Médicos alertam que as enchentes são fundamentais para a ocorrência da doença, que é transmitida pela urina do rato
A leptospirose, transmitida pela urina dos ratos, matou 18 das 73 pessoas diagnosticadas com a doença em 2019 na Baixada Santista. Trata-se do maior índice registrado no Estado de São Paulo: 23,3% das 77 mortes contabilizadas. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde e têm como base o levantamento dos Grupos Regionais de Vigilância Epidemiológica (GVEs).
Os números regionais são ainda mais relevantes se comparados aos da Capital, que teve 16 mortes entre os 170 casos confirmados, o equivalente a 20,7% de vítimas fatais.
O médico infectologista Marcos Caseiro destaca que a doença é mais comum em épocas de chuvas, por conta dos alagamentos.
“Temos uma incidência muito grande de leptospirose [na região]. É um grande problema. A lepstospira [bactéria] presente na urina do rato se espalha pela água e, em contato prolongado, ocasiona a contaminação”, conta.
Segundo Caseiro, os corpos dos ratos mortos nos alagamentos também transmitem a doença, que tem sintomas comuns. Geralmente, é uma dor no corpo, febre, calafrios e diarreia.
A orientação é procurar um posto de saúde aos sentir os sintomas citados. “Existe a possibilidade de dar medicação. São antibióticos [específicos]”. O especialista ressalta que os exames para detectar a doença demoram a ficar prontos e, portanto, “os médicos devem ficar atentos, pois, se há demora no diagnóstico, aumentam as chances de o caso ficar mais grave”.
O médico sanitarista Arthur Chioro reforça a necessidade de procurar o atendimento profissional e relatar a exposição aos alagamentos. “A letalidade [da leptospirose] é alta”.
Chioro ressalta que feridas de qualquer tipo são uma porta de entrada para a leptospira, assim como a eventual ingestão do líquido contaminado. “É fundamental desprezar os alimentos e a água de caixas d’água que foram cobertas pela enchente”.
Estatísticas |
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Estado | ||
Região | Casos | Mortes |
Baixada Santista | 73 | 18 |
Capital | 170 | 16 |
Demais regiões | 277 | 43 |
Baixada Santista | ||
Cidade | Casos | Mortes |
Cubatão | 10 | 5 |
Guarujá | 16 | 6 |
Itanhaém | 1 | 0 |
Peruíbe | 3 | 0 |
Praia Grande | 15 | 1 |
Santos | 21 | 4 |
São Vicente | 7 | 2 |
Contato e higiene
Caseiro reforça que, hoje, segundo estudos, não há sequer a necessidade de uma ferida para o contágio da doença. Uma exposição prolongada de 10 a 15 minutos já pode fazer a pele absorver a bactéria.
O médico sanitarista orienta a população a higienizar, com água, sabão e álcool em gel, a área do corpo que teve contato com a água da enchente.
Mais problemas
Além da leptospirose, Chioro defende que as pessoas evitem caminhar em zonas alagadas para evitar problemas como fraturas, torções, choques elétricos, entre outros. Ainda compõem o ranking de ocorrências frequentes os casos de diarreia e a transmissão de hepatite A, que causa sintomas como fadiga, náuseas, dor abdominal, perda de apetite e febre.