Baixada Santista tem crescimento de quase 45% na aplicação da 1ª dose contra a covid-19

Segundo especialistas em Saúde, número tem a ver com novos grupos que podem se imunizar

Por: Nathália de Alcantara e Rosana Rife  -  01/06/21  -  06:58
  Na prática, foram aplicadas 97.211 vacinas (primeira dose) nos 30 dias de abril nas nove cidades da região
Na prática, foram aplicadas 97.211 vacinas (primeira dose) nos 30 dias de abril nas nove cidades da região   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A Baixada Santista registrou um crescimento de 44,73% na aplicação da primeira dose da vacina contra o coronavírus em maio, na comparação com abril.


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Na prática, foram aplicadas 97.211 vacinas (primeira dose) nos 30 dias de abril nas nove cidades da região. Entre 1º de maio e ontem, já foram 140.696.


Ao mesmo tempo, houve queda de 56,72% na segunda dose da vacina contra a covid-19, de 113.179 em abril para 48.975 em maio.


O detalhe é que, segundo o secretário de Santos, Adriano Catapreta, o motivo para essa impressão de queda na aplicação da segunda dose tem a ver com a maioria da população ser imunizada com a vacina Oxford, que pede um intervalo de três meses antes da segunda dose. Já a CoronaVac tem intervalo de 21 a 28 dias entre as doses.


“É uma comparação difícil por conta desse intervalo entre as doses. Em Santos, cerca de 7 mil pessoas não tomaram a segunda dose, mas tem gente que morreu, que se mudou, que tomou a primeira dose aqui e a segunda em outro lugar”.


A secretária de Saúde de São Vicente, Michelle Santos, diz que é natural que o número de pessoas imunizadas com a 1ª dose aumente, já que outros públicos estão sendo incluídos no cronograma de vacinação.


“Reforçamos a necessidade de concluir o ciclo imunizante com a aplicação da segunda dose. Na Cidade, os profissionais dos postos de saúde entram em contado com essas pessoas”.


Segundo o secretário de Saúde de Guarujá, Vitor Hugo Canasiro, a diferença de doses aplicadas é uma ligação direta entre a inclusão de novos grupos no calendário de vacinação e os imunizantes da Oxford, que foram enviados para o atendimento deles.


"As pessoas de 40 anos com comorbidades, por exemplo, representam um universo de quase 15 mil indivíduos na Cidade, dos quais pouco mais de 8 mil já foram imunizados com a primeira dose. Contudo, eles só retornarão para fechar o ciclo vacinal com esse imunizante daqui três meses. Para junho, esperamos algo semelhante, com mais pessoas entrando no calendário, o número de primeiras doses tende a continuar em alta".


O secretário diz ao menos 3.500 munícipes ainda não apareceram para concluir o ciclo vacinal. "Esquecimento, perda do comprovante da primeira dose ou completar a vacinação em outro município estão entre as razões para o número".


Mais vacinas


O presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Alberto Einstein, Claudio Lottenberg, explica que vacinar entre 20% e 25% da população não é suficiente para ter um controle sanitário. “O Brasil poderia estar vacinando entre 40 milhões e 60 milhões de pessoas por mês. Então, entre cinco ou seis meses, teríamos 80% da população vacinada. Mas, para isso, tem que trabalhar".


Para ele, enquanto os governos estão “protagonizando o que cada um acredita”, o número de mortes avança a passos largos.


“Em breve, teremos 600 mil pessoas mortas. Dessas, teríamos economizado 100 mil vidas. Convido todos aqueles que estão negando o que está acontecendo que visitem as famílias dessas pessoas, que visitem os hospitais e vejam as pessoas morrendo”.


O secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn, lembra que, para ampliar a cobertura vacinal, é importante que se receba mais vacinas.


“Se o Ministério da Saúde arcar com todas as vacinas programadas, poderemos avançar em outros grupos. É uma promessa do governador João Doria (PSDB) que todos os brasileiros de São Paulo estejam protegidos contra a covid-19 até o fim do ano”.


Segundo o infectologista Evaldo Stanislau, é esperada essa queda na imunização com a segunda dose.


“Tradicionalmente, vacinas de duas doses perdem adesão, sobretudo em uma população mais idosa e dependente de terceiros. Mas precisamos adotar medidas para reverter, porque precisamos das duas doses para proteção plena”.


Ele explica que, por mais que a região tenha um bom percentual de vacinados na comparação com outros locais, temos ainda um percentual “insignificante do ponto de vista de se ter um impacto positivo”. “Temos de avançar muito e estamos longe da proteção vacinal ideal”.


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