Baixada Santista completa seis meses de imunização contra a covid-19

Desde 20 de janeiro, quando a 1ª dose foi aplicada na enfermeira Almira Marques, as cidades têm escalada na vacinação

Por: Matheus Müller  -  20/07/21  -  06:50
 Inicialmente visando a proteção dos profissionais da linha de frente, imunização foi ampliada e tem avançado nas cidades da Baixada
Inicialmente visando a proteção dos profissionais da linha de frente, imunização foi ampliada e tem avançado nas cidades da Baixada   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

A Baixada Santista completa hoje seis meses de imunização contra a covid-19. Neste período, apesar da oscilação na oferta de vacinas e uma queda de 5,23% na aplicação da primeira dose em março, a região manteve uma escalada, em especial de 20 de junho em diante, quando 357.027 pessoas receberam a primeira proteção contra o coronavírus.


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“É claro e nítido para nós a eficácia da vacina. Você imagina que, hoje, está morrendo gente de 30 a 50 anos. Agora, pense em um idoso mais debilitado sem a vacina: seria caótico”, aponta Adriano Catapreta, secretário de Saúde de Santos, cidade que mais vacinou na região. Ele reforça que as variantes do vírus estão mais agressivas e, portanto, têm afetado mais os jovens.


O levantamento realizado por A Tribuna começa em 20 de janeiro, dia em que a vacinação teve início na Baixada Santista. A mostra tem intervalo sempre até o dia 20 do mês seguinte - os dados foram divulgados pelas prefeituras, diariamente.


A aplicação da segunda dose apresenta maior oscilação, com quedas no número de imunizados em abril e maio. Esse cenário, segundo médicos e gestores públicos, tem relação com as vacinas colocadas à disposição do público. As doses da Pfizer e do imunizante de Oxford/AstraZeneca têm intervalo de 90 dias - a primeira começou a ser aplicada no final de fevereiro.


Reflexos positivos


A secretária de Saúde de São Vicente, Michelle Santos, ressalta que o Município e a Baixada Santista ainda caminham para aumentar o percentual de imunizados, mas que “certamente a vacinação vai aos poucos dando resultado positivo”.


“Podemos sentir os reflexos (da vacinação), já que estamos no quarto dia sem mortes na Cidade e a ocupação de leitos caiu bastante, desafogando um pouco nosso sistema de saúde, que passou por um período bem difícil, com UTI 100% ocupada durante vários dias. Acredito que, se a imunização não estivesse avançada, poderíamos ter uma situação pior”, diz Michelle.


A secretária observa os mais jovens sendo acometidos pela covid-19. “Eles têm aparecido nos hospitais em maior número e ocupado os leitos de internação, algo que antes não acontecia. Por isso, o fato de estarmos antecipando as faixas etárias da vacinação”.


Catapreta reforça que a doença sofreu mutações e ficou mais agressiva. “Esse ano tem muito mais jovens acometidos. A faixa etária mudou e mostrou que a vacina é eficaz, porque vimos uma queda expressiva de pacientes acima de 60 anos nas UTIs e em número de óbitos. Mas teve um aumento no número (de pacientes) dos não vacinados (mais novos)”.

CONFIRA OS NÚMEROS


Leitos respondem


O secretário-adjunto de Saúde em Guarujá, Denis Campos, explica que a avaliação sobre a eficácia da vacina se mostra na taxa de ocupação de leitos. “É mais importante até do que o número absoluto de casos, considerando que, segundo normas técnicas, a vacinação não impede a contaminação, mas objetivo maior é (evitar as) internações e mortes”.


Ele revela que Guarujá, em abril, estava com 90% dos leitos covid ocupados e hoje o índice se encontra em 26%. Além disso, Campos conta que a média móvel de mortes está em três. “Já tivemos esse número muito maior. Olhando principalmente esses dois indicadores, classificamos como bastante positivo o processo de vacinação na Cidade”.


Médicos comemoram redução de casos graves


Os médicos infectologistas comemoram a redução de casos graves da covid-19, e veem nesse comportamento dos números um reflexo da imunização da população, mesmo que 50,3% tenham recebido a primeira dose e apenas 17,4% a segunda ou a única - fundamental para a imunização completa e efetiva.


“A vacinação está surtindo efeito sim e os negacionistas não estavam certos”, disse a infectologista Elisabeth Dotti.


O infectologista e professor da Unimes Roberto Focaccia confirma o que foi atestado pelos secretários de Saúde. Os jovens têm se contaminado mais devido à falta de imunização e maior agressividade da doença provocadas pelas variantes da covid-19. Ele alerta para a necessidade da manutenção dos protocolos de segurança, com uso de máscara, higiene das mãos e a fuga de aglomerações.


“Acho que estamos numa involução da pandemia, o medo que a gente tem é que o pessoal está se liberando demais, andando sem máscara ou com ela no queixo, o que é muito grave”, alerta o médico.


Focaccia e Elisabeth reforçam que a vacina reduz a gravidade da doença, mas não a transmissibilidade desta. Portanto, mesmo os vacinados, como já é de conhecimento geral, podem contrair covid-19. “O número de casos continua elevado, mas a melhora clínica dos doentes é notável. Especialmente entre os idosos (já imunizados), está diminuindo muito”, diz o médico.


Elisabeth reforça que “a vacina não vai impedir que você pegue, mas a função dela é impedir que vá para hospital, que seja intubado e vá a óbito. A gente vê esse cenário melhorando muito com a vacinação”.


Os dois médicos explicam que só com duas doses a proteção será mais eficaz. Entretanto, avaliam que a primeira aplicação já tem contribuído para reduzir danos.


 Almira Dias Marques, Enfermeira, 56 anos, foi a primeira profissional da saúde a ser imunizada
Almira Dias Marques, Enfermeira, 56 anos, foi a primeira profissional da saúde a ser imunizada   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Almira Dias Marques é enfermeira, e tem 56 anos. A profissional de Saúde foi a primeira vacinada da Baixada Santista. Em 20 de janeiro, ela recebeu a primeira dose da CoronaVac, em evento que contou com a presença do governador João Doria (PSDB) no Hospital dos Estivadores, em Santos.


Passados seis meses, Almira diz trabalhar mais tranquila, apesar de ainda estar na linha de frente no atendimento de pacientes contra covid-19. Ela revela que não teve mais notícias de mortes de profissionais da Saúde (todos vacinados com CoronaVac), apenas de trabalhadores que se infectaram sem gravidade. “Acreditamos totalmente na vacina e temos a certeza de que ela é a esperança e a salvação”.


Almira confirma os apontamentos dos secretários e médicos: atualmente, pacientes mais jovens têm dado entrada em hospitais e, por isso, também diz aguardar ansiosa a vacinação da filha, de 21 anos. “Apesar da emoção de eu ter sido a primeira vacinada na Baixada, ainda tenho a minha filha não vacinada. Torço para que a vacinação venha logo para todos”.


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