Aumento por procura do ‘kit covid’ na Baixada Santista preocupa farmacêuticos e médicos; VÍDEO
Uma farmácia tradicional de Santos decidiu cortar o ivermectina do estoque por conta da alta procura do remédio, que era solicitado por mais de 10 pessoas diariamente; medicamento não tem comprovação de eficácia contra o coronavírus
O aumento por procura e prescrição de "kit covid" na Baixada Santista preocupa Evaldo Stanislau, médico infectologista e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia. A reportagem de ATribuna.com.brpassou por algumas farmácias da região e verificou que o aumento é real. Em uma farmácia tradicional de Santos, cerca de dez a 15 pessoas procuram pela Ivermectina por dia. Medicamentos não tem comprovação de eficácia contra o vírus.
Além do infectologista, a equipe deA Tribunaentrevistou a farmacêutica da Farmácia Conselheiro Nébias sobre a quantidade de pessoas que buscam pelos medicamentos do "kit". Confira a videorreportagem acima.
De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, houve um aumento de 557% das vendas de Ivermectina e 113% de Hidroxicloroquina de 2019 a 2020, período em que a pandemia de covid estourou no mundo inteiro.
Na Baixada Santista, o cenário não é diferente. A farmacêutica Camila Santana Dalto, que trabalha na Farmácia Conselheiro Nébias de Santos, relata ter observado um aumento expressivo de clientes em busca de medicações, como Ivermectina e Hidroxicloroquina. No caso do primeiro medicamento, mais de 10 pessoas por dia desejam comprá-lo. “De 10 a 15 clientes consumiam o produto por dia, servindo a si e a todos de sua família, incluindo crianças e muitos deles não sabiam de qual forma tomar o medicamento”, comentou.
Quadro que preocupa o médico infectologista Evaldo Stanislau, tento em vista que, segundo ele, não existe nenhum tipo de evidência científica desses remédios para o tratamento de pacientes com covid. “Falando em nome da Sociedade Paulista de Infectologia, da Sociedade Brasileira de Infectologia, da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Centro de Controle de Doenças, esses remédios não funcionam”.
Também ressaltou que os medicamentos induzem uma falsa sensação de proteção contra a doença, além de causarem efeitos adversos, quando utilizados de forma excessiva e errada.
Neste sentido, na mesma linha de pensamento de Stanislau, a tradicional Farmácia Conselheiro Nébias resolveu cortar o remédio do estoque com o objetivo de proteger os clientes do uso inadequado da medicação. “Nós não acreditamos que o lucro financeiro fique acima da saúde dos nossos clientes e amigos. Infelizmente não podemos mudar a conduta do mercado”, explicou Santana.
Por fim, o infectologista ressaltou que não há nenhum tipo de tratamento contra a Covid melhor que a prevenção. Para ele, independente dos “altos e baixos” dos números de casos e mortes da doença, o uso de máscara, álcool gel e distanciamento social ainda não as únicas armas contra o vírus, enquanto toda população não é vacinada.