Aposentados do litoral de SP citam frustrações com perda de renda nos últimos anos

Em meio a dificuldades, pedido por 14º salário ganha força no Dia Nacional dos Aposentados

Por: Sandro Thadeu  -  24/01/22  -  16:33
Atualizado em 24/01/22 - 16:34
O 14º salário, segundo a entidade, tem o objetivo de amenizar a situação dos integrantes da Terceira Idade
O 14º salário, segundo a entidade, tem o objetivo de amenizar a situação dos integrantes da Terceira Idade   Foto: Matheus Tagé/AT

O Dia Nacional dos Aposentados é celebrado nesta segunda-feira (24). Mas a data, que deveria ser reservada para festejos, tornou-se mais um marco de luta e reivindicações por melhores condições a esse grupo que ajudou a construir o Brasil.


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Conforme representantes de entidades que representam esse segmento da sociedade ouvidos por A Tribuna, não há nada para se comemorar e muito a lamentar por causa da omissão do Governo Federal e do Congresso Nacional.


O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi) da Força Sindical, João Batista Inocentini, está muito decepcionado com o descaso da classe política com relação às pautas do setor e com a ausência de um olhar adequado para esse público.


“Durante a pandemia de covid-19, o Governo Federal ajudou as empresas, os desempregados e os trabalhadores. Só o aposentado não recebeu nada. Muitos tiveram de se endividar para poder se sustentar e ajudar algum familiar que ficou sem renda”, desabafou.


Por esse motivo, uma das principais bandeiras da entidade é o pagamento do 14º salário, que tem o objetivo de amenizar a situação dos integrantes da Terceira Idade. Hoje, essa proposta está em tramitação no Congresso e não há uma previsão de quando será apreciada em plenário.


“Ao longo do ano, faremos uma campanha para que os aposentados votem em candidatos comprometidos com as nossas pautas. Somos cerca de 40 milhões no Brasil e podemos decidir as eleições”, ressaltou.


O presidente da Associação de Trabalhadores Metalúrgicos Aposentados (Atmas), Antonio Carlos Domingues da Costa, também chamou a atenção a outras propostas importantes para a categoria que não avançam em Brasília.


Uma delas é o Projeto de Lei do Senado 58/2003, que recupera o número de salários mínimos a que tinha direito o aposentado no momento da concessão do benefício.


“Também precisamos lamentar a aprovação, em 2019, da reforma da Previdência, que teve inclusive o aval dos parlamentares da nossa região. Uma das mudanças absurdas foi a pensão por morte passar a ser de 50% do valor da aposentadoria, acrescido de 10% por dependente”, disse.


Frustração

Nas ruas, a frustração dos aposentados é evidente. “Quando eu me aposentei, há alguns anos, recebia um benefício do INSS equivalente a 7,6 salários mínimos. Atualmente, eu recebo apenas três. Isso é uma injustiça. A classe política tem direito a tudo, ao contrário de nós”, diz Luiz Rabelo Neto, aeroviário aposentado de Santos.


A comerciária aposentada Lindinalva dos Santos Ferreira, também moradora de Santos, também cita dificuldades.


“Com o valor da aposentadoria atual, não está dando para fazer mais nada hoje. Depois de 35 anos trabalhando muito, eu pensei que poderia ter uma vida mais tranquila. Entendo que seria uma ótima ajuda receber o 14º salário”.


Outra insatisfeita é Magali Moron Rober, comerciária aposentada de Jundiaí (SP). “A pessoa é obrigada a contribuir a vida inteira com a Previdência na esperança de ter algum retorno, mas isso não ocorre. Todo final do ano, ocorre apenas um ‘aumentinho’ que é insuficiente para as nossas necessidades”.


Falta de informação

Para o presidente regional do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensinonistas e Idosos (Sintapi) da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Augusto de Almeida Filho, a falta de aumento real dos valores dos benefícios previdenciários é um dos principais problemas enfrentados pelo segmento.


Ele espera que essa e outras demandas sejam profundamente discutidas nas eleições deste ano. “A nossa entidade está preparando uma série de perguntas para envio aos presidenciáveis. O objetivo é saber os planos deles para o nosso público”, explicou.


Membro do Conselho Nacional de Previdência Social, Natal Leo reclamou da demora nas análises do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) relacionadas aos pedidos de revisão dos valores de benefícios.


“Outro grande problema atual que enfrentamos é com as fraudes no empréstimo consignado. Muitos companheiros estão sendo enganados”, lamentou ele, que preside o Sindicato Nacional de Aposentados e Pensionistas e Idosos (Sindiapi) da União Geral dos Trabalhadores (UGT).


Natal também citou que muitos integrantes da Terceira Idade desconhecem seus direitos e deixam de reivindicá-los. “Por exemplo, há cidades que oferecem isenção ou descontos no IPTU para proprietários de imóveis com mais de 60 anos”, afirmou.


Histórico

O Dia Nacional dos Aposentados, celebrado hoje, foi criado em homenagem à criação da primeira lei brasileira destinada à Previdência Social. A chamada Lei Eloy Chaves (em homenagem ao deputado federal que elaborou o projeto), de 24 de janeiro de 1923, foi instituída pelo então presidente da República Artur Bernardes, portanto, há 99 anos.


A legislação obrigou cada companhia ferroviária do País a criar uma caixa de aposentadorias e pensões (CAP). Quase seis décadas mais tarde, o Decreto de Lei 6.926/81 determinou esta data como o Dia Nacional dos Aposentados no Brasil.


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