Alta da gasolina estimula procura por bicicletas e veículos elétricos na Baixada Santista
Opções de transportes - que não precisam de combustível fóssil - ganham força na região
![Com alta do preço dos combustíveis, bicicletas podem se tornar 'solução'](http://atribuna.inf.br/storage/Cidades/Geral/img2913724912198.webp)
O aumento no preço dos combustíveis pode servir como incentivo para quem planejava deixar o carro na garagem e buscar uma opção de transporte que não exija combustível fóssil, como bicicletas ou patinetes.
Desde quinta-feira, quando a Petrobras anunciou reajustes de gasolina (18,8%) e diesel (24,9%) nas distribuidoras, consumidores já vêm pagando diferença nas bombas de postos da região.
A empresária Nathalia Gomez de Andrade, dona de uma loja de bicicletas e patinetes no Macuco, em Santos, analisa que esse reajuste se soma à “busca real por uma melhor mobilidade nos centros urbanos”.
Para que a locomoção seja segura e confortável, é necessário acertar no modelo. De acordo com o gerente Carlos Senna, de outra loja do segmento, na Vila Belmiro, uma bicicleta do estilo beach bike é recomendada para quem deseja transitar em áreas urbanas. No estabelecimento onde trabalha, o modelo é avaliado em torno de R$ 900,00.
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Em termos de patinetes elétricos, Nathalia afirma que, em sua loja, os modelos que se destacam entre os clientes são os avaliados em quase R$ 9 mil.
Também são necessários acessórios de segurança. “Capacete é sempre obrigatório, mas luvas e óculos também são importantes, seja em ciclovias ou trechos urbanos”, explica Nathalia.
Senna ressalta a importância de peças de qualidade: bons freios, selim confortável e pneus lisos “para dar mais rendimento ao passeio”.
Custo benefício
A troca de um veículo com motor a combustão por um meio de transporte alternativo, elétrico ou não, é vista como um “comportamento muito racional” pelo economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, Matheus Peçanha.
“Justamente agora, a conjuntura macroeconômica está favorável para trocar o fóssil pelo elétrico, no momento em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia aumenta o preço do petróleo no mercado internacional”, explica. “Para lazer ou deslocamentos pequenos, pode valer muito a pena.”
Peçanha traça a relação de custo e benefício com a troca de um carro por uma bicicleta com valor em torno de R$ 900,00.
Em uma situação em que um indivíduo percorra dez quilômetros de casa para o trabalho e vice-versa — e o carro consuma um litro de gasolina no trajeto —, o investimento teria retorno de quatro meses e meio (133 dias), considerando o preço médio do combustível em Santos, de R$ 6,79.
O jornalista Matheus Müller, editor assistente em A Tribuna, afirma que decidiu trocar o uso do carro por um patinete elétrico em dezembro passado.
Em quatro meses, sentiu diferença em suas finanças. “Era chocante ter que deixar quase R$ 100,00 por semana no posto. O veículo elétrico não é barato, mas, no papel, as parcelas são menores do que era o gasto mensal com combustível. Já estou economizando.”
Para chegar à decisão, considerou a própria rotina. “Meu deslocamento diário entre casa e trabalho é de dez quilômetros. Como meu carro faz 8 quilômetros por litro, gastava algo em torno de R$ 200,00 (mensais). O valor podia chegar a R$ 350,00 se levar em conta o uso para demais fins. Se gastava R$ 200 para trabalhar, hoje pago algo em torno de R$ 30,00.”
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Ele afirma ainda que o carregamento da bateria é feito ao menos dez vezes ao mês e que cada carga custa em torno de R$ 3,00, mesmo com o adicional de bandeira vermelha nas contas de energia.
“Ainda uso o carro, mas para passeios e em dias de chuva. Abasteço com R$ 100,00 e passo o mês”, acrescenta.
Müller cita como vantagens a agilidade e a economia nos deslocamentos. Julga o uso do carro mais confortável, mas “rodar com o patinete é muito agradável, se tornou um lazer”.