Ainda com lacunas, atentado a Solange Freitas em São Vicente completa um ano
Homem que declarou ter disparado contra a ex-candidata a prefeitura vicentina está foragido; mandante é mistério
Atualizado em 11/11/21 - 10:51
Um ano depois do atentado à jornalista Solange Freitas —completado nesta quinta (11) —, então candidata à Prefeitura de São Vicente pelo PSDB, a polícia ainda não prendeu um dos acusados de envolvimento no crime. À Reportagem, Solange afirma que saber que o acusado Diego Nascimento Pinto continua foragido, mesmo após ter a prisão preventiva decretada, “é muito dolorido”. No entanto, a jornalista afirma conviver com uma apreensão maior: “A polícia ainda não chegou ao nome do mandante do crime”.
Advogado da candidata à Administração vicentina nas eleições do ano passado, Vitor Vitorio aguarda o juiz decidir se atende um pedido feito pelo Ministério Público do Estado (MP-SP) para levar os réus ao Tribunal do Júri. “Dessa sentença, ainda caberá recurso”, antecipa.
Mesmo com um dos réus foragido, a Justiça já recebeu as alegações finais — etapa que antecede a decisão sobre um processo — dos dois acusados.
Fraude processual
Um dos advogados de defesa de Diego Pinto, Mario Badures espera “a expedição do contramandado de prisão”, documento que poderá cancelar a ordem anterior.
Badures afirma que os depoimentos não sustentam que seu cliente ajudou a cometer o crime. “Ao contrário, a própria autoridade policial confirmou a fraude processual praticada na época das eleições, quando (o suspeito) se apresentou como autor dos fatos.”
O episódio a que o advogado se refere ocorreu ainda em novembro do ano passado, poucos dias após o crime. Diego se apresentou numa delegacia de São Vicente dizendo ser o autor dos disparos no carro em que estava Solange. A Polícia Civil, no entanto, apontou que ele não era o atirador, porque a versão dele divergia dos fatos apurados.
Circunstâncias
No dia do atentado, Solange estava sentada no banco de trás de um carro blindado. Outras quatro pessoas ocupavam o veículo. Os disparos atingiram o vidro do banco do passageiro, local onde a candidata costumava ficar.
Em janeiro deste ano, a polícia confirmou que, mesmo que não tenha disparado contra a jornalista, Diego teve envolvimento no atentado.
O outro acusado, o policial militar rodoviário Gustavo de Souza Militão Pavlik, que trabalhava no 1º Batalhão de Polícia Rodoviária, está preso desde novembro do ano passado.
Em nota, a Polícia Militar disse que Pavlik está no Presídio Militar Romão Gomes e há um processo administrativo disciplinar em andamento, para apurar a conduta dele.
A Tribuna não conseguiu contato com a defesa de Gustavo Pavlik. A Reportagem questionou a Secretaria Estadual de Segurança Pública sobre a demora para cumprir o mandado de prisão preventiva de Diego Pinto. “Diligências prosseguem visando à localização (dele).”