Água de reúso, futuro possível com barreiras no presente

A reutilização se caracteriza pelo uso das águas residuárias, ou seja, aquelas utilizadas em residências, que acabariam no esgoto

Por: Júnior Batista & Da Redação &  -  25/12/20  -  22:28
Medida beneficia os clientes da Sabesp inclusos nas tarifas residencial social e residencial favela
Medida beneficia os clientes da Sabesp inclusos nas tarifas residencial social e residencial favela   Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

Com um custo de produção quase seis vezes maior que a comum, a água de reúso precisa, primeiro, vencer a barreira psicológica em torno do seu processo, segundo a diretora de Sistemas Regionais da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Mônica Porto, que visitou a redação de A Tribuna ao lado da superintendente na região, Olívia Mendonça.


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“Isso nem é tanto um problema de tecnologia. É caro, claro, mas há uma barreira psicológica difícil de ser vencida”, afirma. Ainda assim, o custo é grande. “Enquanto temos um custo de produção de água na ordem de R$ 1,50 por metro cúbico, você vai subir para R$ 8,00 na água de reúso”, explica Mônica.


A reutilização se caracteriza pelo uso das águas residuárias, ou seja, aquelas utilizadas em residências, que acabariam no esgoto. Elas são tratadas e usadas novamente para fins menos nobres, como irrigação, reserva contra incêndios, fontes.


Em São Paulo, o exemplo mais próximo disso é o Projeto Aquapolo, parceria da Sabesp com a Odebrecht Ambiental. Desde 2012, o sistema fornece água do esgoto tratado na Estação de Tratamento de Esgoto no ABC para o polo petroquímico de Mauá.


Nesse caso, no entanto, de acordo com Mônica, são necessários 17 km de tubulação de uma adutora para essa água chegar até lá. “A Adutora custou mais caro que a estação de reúso”, diz.


Mas o reúso da água tem exemplos positivos. Mônica cita a Austrália, que optou por investir na dessanilização (basicamente dessalgar a água do mar) e a Namíbia, no continente africano.


A capital do País, Windhoek, que possui cerca de 250 mil habitantes, tem uma estação avançada de tratamento, que repõe a água de reúso diretamente no sistema potável. O uso chega a 50% nos períodos maiores de seca e escassez. “Mas, no reúso potável direto, há uma barreira psicológica difícil de ser vencida”, diz Mônica.


Futuro é promissor


Uma das barreiras, o custo para fazer os processos químicos necessários a deixarem essa água de reúso com aplicações, sejam elas diretas ou indiretas, no entanto, deve cair nos próximos anos.


A diretora é otimista quanto ao futuro. Segundo ela, os custos técnicos que envolvem desde filtração e até a energia utilizada para transformar a água caíram em 20 anos.


Para a próxima década, ela acredita que possa ser usada, cada vez, a energia solar para este fim, o que reduziria ainda mais o custo final da água de reúso.


“Quanto mais sustentável formos com tudo, mais água teremos e melhor vamos usá-la”, conclui Mônica


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