Empresa inicia cobertura da cava subaquática de Cubatão
Ambientalistas alertavam para riscos de incidentes e contaminação por buraco no mar com resíduos tóxicos, no Canal de Piaçaguera
Em até 60 dias, o risco de uma tragédia ambiental deve ser reduzido no Canal de Piaçaguera, em Cubatão. O prazo foi estimado pela VLI, empresa presente no polo cubatense, que afirma ter dado início à fase de fechamento da cava subaquática (a Célula Subaquática de Disposição, ou CAD).
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A iniciativa consiste em cobrir os resíduos tóxicos alocados na cratera, de 25 metros de profundidade por 400 metros de largura, com uma camada de sedimentos marinhos naturais da própria região. A ação é apontada pela empresa como responsável por contribuir a “melhorar a qualidade da água e da pesca artesanal local”. Sustenta que haverá um monitoramento regular, a fim de a avaliação da qualidade da água, sedimentos e o conjunto das aves locais, como o guará vermelho.
Essa é mais uma etapa do projeto iniciado em 2016 que resultou na limpeza de cinco quilômetros do Canal de Piaçaguera e na melhoria da navegabilidade no local. Segundo a empresa, a cobertura da cava será feita com sedimentos retirados do canal do Porto de Santos que foram aprovados em estudos e pelos órgãos ambientais.
“Trata-se de material comum daquela região e sem qualquer contaminante. Essa cobertura garantirá o confinamento do material com impurezas retiradas do Canal de Piaçaguera e depositadas na célula subaquática”, explica Giuliano Marchiani, gerente-geral de Sustentabilidade VLI.
Ele explica que, durante o processo, uma tela de contenção permanecerá no entorno da cava. Essa proteção foi instalada no início dos trabalhos, em 2016, e serve como barreira para os sedimentos. Em todas as atividades nunca foi identificado qualquer vazamento.
Limpeza
O projeto de limpeza do canal começou com a abertura da cava. Ela é um espaço em área predeterminada para receber os sedimentos do canal marítimo. A estrutura ficará totalmente submersa e tem forma de cone.
Esse espaço recebeu 2,8 milhões de metros cúbicos e será coberto agora. Desde outubro do ano passado, quando ocorreu a última atividade no local, o assentamento natural está dentro do previsto e os monitoramentos de água, sedimentos, avifauna e pescados não apresentaram alterações provocadas pela atividade de dragagem.
Histórico
Por décadas, o Canal de Piaçaguera recebeu sedimentos e efluentes com presença de contaminantes por diferentes empresas que operavam na região à época. O material se espalhou ao longo do canal. Nos últimos anos, com base nas diretrizes determinadas pelo processo de licenciamento ambiental, a empresa adotou solução para corrigir o passivo ambiental histórico. E se comprometeu com a disposição segura e monitoramento desses sedimentos a partir da dragagem para aperfeiçoar a navegabilidade do trecho.
O projeto tem a aprovação e fiscalização da autoridade ambiental, que acompanha cada etapa de trabalho e recebe relatórios regulares. “Avaliamos três opções. O projeto foi chancelado por especialistas da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e essa foi a alternativa de disposição mais adequada, especialmente, por minimizar o deslocamento do material. O ponto escolhido para a CAD além de próximo, possui uma série de requisitos técnicos. É um local livre da ação de ondas e correntes”, observa Giuliano.
Cava subaquática
A cratera, de 25 metros de profundidade e 400 metros de largura, foi escavada às margens de um manguezal no Largo do Casqueiro para receber o passivo ambiental do início da exploração do Polo Industrial de Cubatão, há quase meio século. Os sedimentos contaminados depositados nela estavam no fundo de Piaçaguera, cuja navegabilidade foi ampliada.