Idoso com problema cardíaco grave aguarda por cirurgia: ‘Meu pai é uma bomba-relógio’

O coletor de reciclagem Jorge Marcos, de 64 anos, aguarda há semanas por uma consulta com cardiologista, após estado ser declarado grave por médico no litoral de SP

Por: Marcela Ferreira  -  02/12/20  -  11:20
  Foto: Arquivo pessoal

Após ter ouvido de médicos que o pai é uma ‘bomba-relógio’, a operadora de caixa Keila Cristina Ramos Rocha, de 29 anos, cobra as autoridades da saúde de Bertioga por providências pela saúde do pai. O coletor de reciclagem Jorge Marcos Alves, de 64 anos, já teve um infarte e espera por consulta há semanas para que um cardiologista defina a necessidade de cirurgia.


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Com medo que o pior aconteça, Keila diz que o pai deveria estar internado até que uma cirurgia fosse marcada. Ela o acompanhou quando os problemas começaram, no dia que Jorge sofreu um infarte e foi levado em estado gravíssimo para o Hospital Municipal de Bertioga.


“Eu achava que iriam fazer o cateterismo com stent no meu pai. No dia seguinte à cirurgia, ele voltou para Bertioga e ficou internado. Ele foi avaliado pelo cardiologista, que viu que a situação era muito mais grave e séria. Não me explicaram nada do que seria feito, mas vi que não fizeram a cirurgia do cateterismo com stent”, relata a filha. 


Keila diz que recebeu uma ligação do secretário de saúde de Bertioga, Valter Campoi, que explicou que, como Jorge Marcos tem diabetes, não seria possível fazer a cirurgia com o stent, que é uma prótese usada para impedir a construção do fluxo causada por entupimento das artérias. Segundo relata Keila, Campoi ainda afirmou que o município de Bertioga não teria recursos para realizar as cirurgias necessárias, e por isso iria encaminhar o paciente a outra unidade de saúde.


Até que o paciente estivesse com uma consulta marcada, ele ficou internado na unidade municipal de saúde. “Ele só ficou internado porque eu me senti insegura em trazer ele para casa. Se meu pai é uma 'bomba-relógio', como o médico disse, ele não deveria voltar para casa, e sim ficar internado até a cirurgia”. A alta foi concedida no último dia 25 de novembro, e desde então, Jorge aguarda por uma consulta com um cardiologista no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, marcada para o dia 16 de dezembro.


“Agora, meu pai teve alta e ainda está bem debilitado. A responsabilidade é muito grande, porque não vou ter condição de fazer alguma coisa caso aconteça algo com ele em casa. Não recebi nenhum papel nem nada que comprovasse essa consulta com o cirurgião em São Paulo. Mas estamos em casa, e não tenho condição de salvar meu pai caso alguma coisa aconteça até a data dessa consulta, que está bem distante”, desabafa a filha.


Em um vídeo publicado nas redes sociais, Jorge Marcos pede ajuda para fazer a cirurgia e diz ter medo de morrer. "Tenho medo de infartar de novo, tive três infartes em seguida. Não aguentei a dor e tenho medo de morrer. Quero viver mais, trabalhar, fazer a cirurgia para voltar ao normal. Preciso dessa cirurgia urgente, porque posso infartar a qualquer momento e não vou aguentar. A dor foi muito forte e não quero passar por isso de novo".


Resposta


Em nota, a Prefeitura de Bertioga se limitou a dizer que o paciente deu entrada no dia 7 de novembro em situação gravíssima, com um quadro de infarto. A prefeitura diz que ele recebeu atendimento imediato, com os melhores protocolos médicos, superando a situação de emergência. Em seguida, foi encaminhado para exame diagnóstico, tendo sido também examinado por dois cardiologistas.  


A prefeitura ainda diz que o paciente seguiu internado com acompanhamento multidisciplinar, evoluiu positivamente e na quarta-feira (25), recebeu alta, com encaminhamento para consulta com cirurgião cardíaco para o próximo dia 16 de dezembro no Hospital Dante Pazzanese (referência em São Paulo),  que avaliará a necessidade ou não de realização de um procedimento cirúrgico. A nota termina dizendo que, ao contrário do que foi relatado por Keila, todos os procedimentos foram explicados à família.


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