Decoração afetiva: casa precisa traduzir a personalidade do moradores

Peças que valorizam sentimentos, revelam boas memórias e traduzem momentos vividos tornam o projeto de interiores único

Por: Fernanda Lopes  -  07/08/22  -  11:09
Para a composição do décor dessa estante, a arquiteta aproveitou diversos objetos trazidos de viagens, além de um acervo literário composto por livros herdados dos pais
Para a composição do décor dessa estante, a arquiteta aproveitou diversos objetos trazidos de viagens, além de um acervo literário composto por livros herdados dos pais   Foto: Carlos Piratininga/ Divulgação

Em meio à correria de nossos compromissos e à intensa movimentação das cidades, nossas casas são, cada vez mais, entendidas como ponto de aconchego, refúgio e bem-estar. Contudo, para que essas sensações sejam, de fato, alcançadas, a decoração precisa traduzir a personalidade dos moradores – não só pela disposição dos ambientes, mas com a presença de objetos que façam sentido à história particular de vida e ao convívio estabelecido com as demais pessoas.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


É nessa premissa que nos deparamos com o conceito de decoração afetiva, conquistada por meio da utilização de peças de cunho sentimental ou itens de grande valor simbólico dentro do décor de interiores. De acordo com a arquiteta Cristiane Schiavoni, o estilo se conecta automaticamente com a psicologia e o humor de cada um de nós. “Seja por meio de uma foto ou elementos que nos façam recordar de uma viagem, de um momento ou de alguém, nosso eu interior se transporta e transforma aquele minuto que estamos vivendo. É o poder de nos arrancar sorrisos, atenuar a saudade, e nos lembrar de quem realmente somos”.


Nesse universo, valem os pequenos adornos comprados em viagens, um presente concedido por alguém muito especial, um porta-retrato, peças de família que atravessam gerações e, até mesmo a inserção de cores, sons e aromas. “Muitas vezes, o significado não é claro para todos. Apenas os envolvidos são impactados pelas reminiscências afetivas presentes”, diz Cristiane.


Como aplicar
Peça antigas contam histórias e engrandecem a decoração de qualquer ambiente. Seguindo o estilo da família, do projeto residencial ou combinadas às peças modernas, são capazes de conceber ambientes únicos e personalidade singular. Visto isso, a arquiteta Cristiane Schiavoni listou uma série de dicas para não errar no décor com sentimentos.


A profissional explica que a exposição não é aleatória e, assim como o projeto de interiores, deve fazer sentido. Para tanto, ela sempre busca compreender com seus clientes qual o significado dessa decoração afetuosa. “É primordial termos conhecimento para trabalhar com a ideia de identidade e conexão”. Em paralelo, faz-se relevante também compreender o valor – primordialmente sentimental, mas muitas vezes até financeiro – dos objetos, como uma maneira de conceder a devida valorização e destaque no ambiente.


Nesse emaranhado de emoções, ela recomenda atenção e sutileza na exposição, pois dependendo da proposta haverá falta de conexão com o décor do espaço por percorrer o caminho inverso, transmitindo justamente o oposto: a via da desconexão e de memórias incômodas. Então, como é possível revelar, de forma harmônica, as tão almejadas boas lembranças dentro de um ambiente? Ao responder essa indagação, a profissional relativiza a inexistência de um segredo, mas ao mesmo tempo ressalta que sua busca é pautada pelas combinações que se harmonizam.


Ao mesmo tempo, a orientação não elimina a possibilidade de mesclas e doses de criatividade, bem como o equilíbrio do antigo com o novo. “Se a lembrança for uma peça decorativa que atravessa gerações e que pareça esteticamente antiga, uma ótima saída é combiná-la com móveis modernos que podem ser colocados em qualquer ambiente, desde o dormitório até a garagem”.


Mesmo com todas as dicas, é sempre interessante contar com ajuda especializada de quem acumula estudo e experiências suficientes para guiar a decoração na direção certa. “Tudo começa com uma boa conversa com os clientes para entender a relevância de cada uma, assim como as lembranças e os anseios que as envolvem. Particularmente, eu amo esse processo de mergulhar no infinito particular das pessoas por meio do nosso trabalho”, diz a especialista.


Muito além do óbvio
Os itens de decoração afetiva podem ser peças de decoração, louças ou móveis passados de pai para filho, itens trazidos de viagens, coleções ou até mesmo peças compradas em garimpos ou antiquários. Sobre coleções, a arquiteta faz um reforço.


“Assim como outros itens de muito afeto, temos que encontrar uma solução que não seja simplesmente guardar dentro de um armário ou esconder em um monte de caixas. Podemos trabalhar com uma estante ou prateleiras na parede devotadas para essa exposição, como também podemos espalhar pela casa. O importante é respeitar os moradores e entender as suas preferências e necessidades”.


Já com relação às peças de antiquário, elas podem não carregar o passado dos moradores, mas com certeza são repletas de história e podem adquirir valor simbólico no contexto da compra. Por isso, as mesmas dicas também servem para quem busca trazer referências do passado no décor de interiores.


Logo A Tribuna