Sampaoli foi melhor do que Jesus no ano
Santista merece o prêmio de melhor técnico do Brasil em 2019
Atualizado em 09/12/19 - 22:09
Terminado o Campeonato Brasileiro, começam as eleições de melhores do ano. Tudo é discutível e subjetivo, embora seja difícil fugir das opções oferecidas pelo Flamengo, campeão com sobras e com um futebol extraordinário. Porém, em se tratando de treinador, creio não ser possível fugir de Jorge Sampaoli como o destaque, em que pese o grande trabalho de Jorge Jesus.
A conquista do Brasileiro e da Libertadores, com o possível acréscimo do Mundial de Clubes, poderia inviabilizar as pretensões de quem contesta o português. Porém, o óbvio coloca a medalha de ouro no peito do argentino: ele fez mais com menos.
Jorge Jesus deixa lições como evitar poupar jogadores aos montes, como gostam de fazer os colegas brasileiros, e jogar buscando o ataque, coisa que caiu em desuso por aqui. Porém, não podemos esquecer que ele tem um timaço nas mãos. Sem falar no fator sorte, algo sempre importante. Afinal, nem os times mais ricos do mundo contratam oito jogadores e todos se saem bem logo de cara. Por mais que se fale em planejamento, é evidente que o universo conspirou a favor do Flamengo.
Com Sampaoli, a coisa foi diferente. Não que o Santos seja um timeco, mas o material humano na Vila Belmiro é inferior não só ao do Flamengo, como também ao do Palmeiras. E é equivalente a outros tantos que ficaram para trás por muito.
Sampaoli montou um time ofensivo, que terminou o ano sem taças, mas nem por isso deixou de receber o reconhecimento do público e da crítica. Nem os erros cometidos por ele, como certas escalações sem pé nem cabeça, anulam o grande trabalho do treinador. Com o argentino, jogadores como Sasha, Diego Pituca e Marinho, além de Jean Mota (no Campeonato Paulista) renderam mais do que o esperado.
Os títulos e o excelente trabalho da dupla gringa põem pressão nos treinadores brasileiros. Alguns pagaram o preço ainda em 2019, como Mano Menezes no Palmeiras; outros, se não mudarem de postura, vão assistir aos dirigentes irem cada vez mais em busca de soluções no exterior.
Dessa forma, vai ser curioso ver o que acontecerá a partir de fevereiro, quando os Estaduais começarem. Se ao menos alguns treinadores optarem pelo jogo ofensivo e perderem o medo de perder, já estaremos no lucro.