O desafio de transformar o Centro

Revitalizar o Centro é o desejo de todos, mas é preciso afinar o discurso entre o Poder Público e a construção civil

Por: Redação  -  08/08/22  -  07:06
Projeto para transformar o antigo prédio do Ambesp em moradia popular está indefinido
Projeto para transformar o antigo prédio do Ambesp em moradia popular está indefinido   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Não houve interesse do empresariado ligado à construção civil pelo projeto de transformação do antigo prédio do Ambulatório de Especialidades (Ambesp), localizado no Centro de Santos, em edifício residencial, com 36 unidades. Deteriorado já quando funcionava como unidade de saúde, o prédio, localizado na Rua Gonçalves Dias, esquina com Rua do Comércio, segue em estado de abandono, com sete andares visivelmente destruídos pelo tempo de uso e pela falta de manutenção. O imóvel pertencia à União, mas foi cedido à Prefeitura em dezembro do ano passado e agora conta dois anos para que o Executivo municipal dê destino ao prédio.


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Tirar do papel um projeto de retrofit, técnica que consiste em revitalizar um imóvel antigo e dar a ele novo uso, depende de muito mais que boa vontade por parte das prefeituras. Em fórum recentemente promovido pelo Grupo Tribuna, profissionais que lidam com o tema na Capital deram destaque aos desafios que envolvem não só os recursos para obras estruturantes e nova modelagem, mas também a destinação que se pretende dar após a transformação. Envolve, ainda, contrapartidas a esse construtor para compensar eventual valor de orçamento abaixo de mercado. Nem sempre compensa retrofitar um imóvel, cada caso é um caso, disseram os especialistas.


Uma vez vazia de interesse a licitação aberta pela Prefeitura para o prédio do Ambesp, cabe à Prefeitura entender os motivos que afastaram o construtor dessa empreitada. Que garantias o empresário precisará dar à obra pós-transformação? Os benefícios e isenções fiscais da obra serão oferecidos durante a obra ou apenas depois de estar concluída? A quem caberá fazer manutenção dos apartamentos após a entrega? Quanto se está pagando por unidade construída em relação ao valor de mercado?


Responder a essas questões pode dar pistas de como deve ser a modelagem do edital não só para essa licitação do Ambesp, mas para as demais que a Prefeitura pretenda lançar. Está em vias de conclusão algo maior, envolvendo a apresentação de projeto para a construção de outras 500 unidades habitacionais. Essa iniciativa está ainda em fase inicial, no aguardo de que o mercado imobiliário apresente projetos de interesse público, transformando imóveis previamente cadastrados junto à iniciativa privada.


Revitalizar o Centro é o desejo de todos: moradores dos demais bairros, comerciantes que mantêm seus negócios na região central, poder público e empresários ligados ao Turismo. Não são poucos os exemplos bem-sucedidos de cidades que vêm trilhando esse caminho. Santos tem potencial, história e estofo cultural e arquitetônico suficientes para trilhar esse caminho. Mas é preciso afinar o discurso entre a vontade do poder público e quem realmente vai ‘colocar a mão na massa’: o setor da construção civil. Que a falta de interesse pelo prédio do Ambesp mostre caminhos de diálogo para um plano maior e bem-sucedido.


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