O desafio de transformar o Centro
Revitalizar o Centro é o desejo de todos, mas é preciso afinar o discurso entre o Poder Público e a construção civil
Tirar do papel um projeto de retrofit, técnica que consiste em revitalizar um imóvel antigo e dar a ele novo uso, depende de muito mais que boa vontade por parte das prefeituras. Em fórum recentemente promovido pelo Grupo
Uma vez vazia de interesse a licitação aberta pela Prefeitura para o prédio do Ambesp, cabe à Prefeitura entender os motivos que afastaram o construtor dessa empreitada. Que garantias o empresário precisará dar à obra pós-transformação? Os benefícios e isenções fiscais da obra serão oferecidos durante a obra ou apenas depois de estar concluída? A quem caberá fazer manutenção dos apartamentos após a entrega? Quanto se está pagando por unidade construída em relação ao valor de mercado?
Responder a essas questões pode dar pistas de como deve ser a modelagem do edital não só para essa licitação do Ambesp, mas para as demais que a Prefeitura pretenda lançar. Está em vias de conclusão algo maior, envolvendo a apresentação de projeto para a construção de outras 500 unidades habitacionais. Essa iniciativa está ainda em fase inicial, no aguardo de que o mercado imobiliário apresente projetos de interesse público, transformando imóveis previamente cadastrados junto à iniciativa privada.
Revitalizar o Centro é o desejo de todos: moradores dos demais bairros, comerciantes que mantêm seus negócios na região central, poder público e empresários ligados ao Turismo. Não são poucos os exemplos bem-sucedidos de cidades que vêm trilhando esse caminho. Santos tem potencial, história e estofo cultural e arquitetônico suficientes para trilhar esse caminho. Mas é preciso afinar o discurso entre a vontade do poder público e quem realmente vai ‘colocar a mão na massa’: o setor da construção civil. Que a falta de interesse pelo prédio do Ambesp mostre caminhos de diálogo para um plano maior e bem-sucedido.