Escolhas vitais

Saber o que pensam os futuros candidatos será tão importante quanto avaliar o que prometem

Por: Redação  -  25/05/21  -  08:40
 Moradores da Baixada Santista têm como preocupação escolher concorrentes que representem os interesses locais
Moradores da Baixada Santista têm como preocupação escolher concorrentes que representem os interesses locais   Foto: Divulgação

Quando antigas práticas são tidas como ultrapassadas para o tempo presente, surge o desejo de algo novo, em geral estimulado por quem tem interesse direto em mudanças. A política eleitoral, para a qual muitos dizem não dar importância, mas de que participam pela obrigatoriedade de votar, parece uma acabada demonstração disso.


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Basta ver o que se fez do Brasil em 2018. Na sede por uma terceira via como alternativa a antigos partidos e figuras, elegeram-se governantes que não só mantiveram certos estados de coisas — compadrio em negócios de caráter duvidoso, aparelhamento do Estado —, mas ampliaram sua blindagem pessoal na comparação com antecessores.


Apesar disso, chegou-se a um ponto de retorno difícil no debate político brasileiro. Por mais que se evidenciem erros crassos e potencialmente letais do Governo Federal, por exemplo, este cultiva um séquito de apoiadores incondicionais e em quantidade surpreendente perante os incontestes fatos negativos que permeiam a atual gestão.


Um problema, longe de ser exclusividade nacional, está em superdimensionar a disputa pelo Poder Executivo e deixar escolhas para o Legislativo em segundo plano. É preciso lembrar que, no âmbito federal, cabe a deputados e senadores fiscalizar o trabalho governamental: evitar que erre, propor que se corrija, enfim, aperfeiçoá-lo.


O mesmo valerá, em 2022, para os candidatos que forem escolhidos para a Assembleia Legislativa. Terão como tarefa avaliar com lupa o Governo do Estado, o que valerá tanto para opositores quanto para aliados. Todos, afinal e igualmente, devem satisfações ao público.


Tal cobrança se soma a outra expectativa, mais urgente, de eleitores de regiões específicas. Equivale a dizer que moradores da Baixada Santista têm como preocupação escolher concorrentes que representem os interesses locais nos parlamentos cujas cadeiras disputam.


Deputados que tentarão novo mandato entram na luta pelo voto com a vantagem de ter o que mostrar, desde que disponham desse capital político. Do contrário, haverá larga margem para que futuros adversários — vereadores que almejam antecipar um degrau na vida pública, cidadãos reconhecidos em suas comunidades e gente incógnita, porém histriônica — se apresentem como opção.


Um fato é que a classe política já se mobiliza para o próximo pleito. Num mundo ideal, eleitores estariam perguntando como os partidos têm trabalhado na preparação e na escolha de futuros nomes. Afinal, recebem verbas fabulosas em fundos eleitoral e partidário, e um de seus fins, na teoria, é formar quadros alinhados às ideias que essas agremiações defendem.


De volta ao que ocorreu no pleito de três anos atrás, saber o que pensam e com quem andam, politicamente, os futuros candidatos aos legislativos será tão importante quanto avaliar o que prometerão. O futuro é imprevisível. A covid-19 prova isso. Votar bem tornou-se questão de vida ou morte.


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