Presidente da MRS destaca investimentos nos acessos ferroviários da Baixada Santista

Guilherme Segalla de Mello mostra preocupação com a diminuição dos conflitos urbanos

Por: Anderson Firmino  -  07/08/22  -  07:55
Guilherme Segalla de Mello, durante assinatura da renovação da concessão
Guilherme Segalla de Mello, durante assinatura da renovação da concessão   Foto: Divulgação/MRS

A MRS Logística, que renovou a concessão da malha ferroviária de 1.643 km operada desde 1998, acena com uma preocupação clara para os próximos anos: a diminuição dos conflitos urbanos, por meio de obras que se somam à expansão de capacidade e investimentos estruturantes. E a Baixada Santista é ponto importante neste processo. Para se ter uma ideia, em 1997, cinco milhões de toneladas foram transportadas na malha operada pela empresa, que corta os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo rumo ao Porto de Santos. Já no ano passado, esse volume chegou a 51 milhões de toneladas.

Como contrapartida à renovação antecipada da concessão, que agora vai até 2056, o plano de investimentos da empresa prevê um desembolso de R$ 11 bilhões, em valores atualizados e tendo maio de 2022 como data-base, em obras e aquisição de ativos. Uma semana após a assinatura do aditivo contratual pela empresa e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), A Tribuna conversou com o presidente da MRS, Guilherme Segalla de Mello. Confira os principais trechos da entrevista a seguir.


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Como será feita essa eliminação dos conflitos urbanos? Haverá estudos para achar as soluções mais adequadas visando a promoção desse equilíbrio?


O Plano de Investimentos da MRS foi construído em conjunto com o Ministério da Infraestrutura e ANTT e é baseado em três pilares: expansão de capacidade e atendimento aos parâmetros de desempenho, investimentos estruturantes de interesse público e obras para minimizar os conflitos urbanos. Ou seja, as soluções propostas foram pensadas de forma coordenada com o Governo Federal, que recebeu demandas das comunidades locais por meio das audiências públicas que foram realizadas.


De que forma é feito o entendimento com as autoridades municipais?


A MRS estabeleceu um diálogo aberto com as municipalidades, para ouvir e entender as propostas que eles tinham nas questões de conflitos entre a ferrovia e as comunidades. Foi construído um consenso entre todas as partes envolvidas – MRS, Governo Federal, reguladores, entes do mercado logístico e a sociedade de uma forma geral – para a construção de um projeto de renovação que atenda a interesses diversos de forma equilibrada. E isso inclui, obviamente, as decisões sobre os projetos e obras que vão reduzir os conflitos.


O plano de investimentos leva em conta as características de cada região?


Cada região foi estudada de forma específica, para desenvolver iniciativas que respeitem as suas singularidades. As soluções não são de prateleira, algo que seja similar e seja repetido em todas as localidades. Nós analisamos cada região onde estamos presentes e, junto com o Poder Público local e as comunidades, chegamos a um consenso. Os prefeitos recém-eleitos e que assumiram seus cargos em 2021 foram previamente consultados sobre as propostas em debate e chegamos à renovação, confirmada em 29 de julho passado, com todos os envolvidos a par do que prevê o plano de investimentos da MRS.


O que está previsto, em linhas gerais?


O caderno de obrigações estipula 270 obras em 50 municípios. São viadutos, passagens inferiores, passarelas, passagens em nível, de pedestres e vedações. A gente quer, obviamente, reduzir acidentes em pontos mais difíceis, onde o maquinista não vai ter tempo de reação para parar o trem.


Qual é a previsão de investimentos para essas soluções?


Como contrapartida à renovação antecipada da concessão, o plano de investimentos prevê um desembolso total na ordem de R$ 11 bilhões, em valores atualizados e tendo maio de 2022 como data-base, em obras e aquisição de ativos. Desse montante, cerca de R$ 1,1 bilhão são específicos para as obras de mitigação de conflitos urbanos, melhorando a segurança e reduzindo as interferências rodoferroviárias ao longo dos municípios da malha. As soluções compreendem a construção de viadutos, passagens inferiores, passarelas, vedações, passagens em nível, direcionadores de fluxo e soluções extraordinárias.


Sobre a Ferradura de Santos, como a empresa espera lidar com essa questão? Ela deve ser separada do restante da Malha Sudeste?


Esse é ponto pacificado dentro da Agência Nacional de Transportes Terrestres. A Ferradura, como é chamado o acesso ferroviário ao Porto de Santos, faz parte da concessão MRS e assim segue. A MRS fez, ainda que não tivesse obrigação contratual para tanto, investimentos superiores a R$ 1 bilhão nos acessos ferroviários ao Porto de Santos ao longo dos 26 anos de atividade da empresa. Em 1997, cerca de 5 milhões de toneladas chegavam ao Porto por meio da ferrovia e, em 2021, esse número foi de 51 milhões de toneladas. Ou seja, estamos entregando uma capacidade dez vez maior do que quando a empresa foi assumida pela iniciativa privada.


Qual a importância da Baixada Santista nesta planificação de investimentos?


Iniciamos obras na Baixada Santista antes mesmo da assinatura do novo contrato, em função da complexidade da região e da importância dos projetos desenhados para ela. Temos interface com os stakeholders da Baixada Santista – outras ferrovias, terminais e demais entidades e empresas ligadas à logística – para melhor encadeamento das obras. Isso é essencial para que as intervenções sejam realizadas no tempo e na sequência certos. O plano da renovação da concessão prevê uma lista de investimentos na região que vão garantir a ampliação dessa capacidade e atender às demandas pela passagem, por exemplo, de composições de grande extensão no local. Sempre tivemos um diálogo franco e aberto com todos os players do setor a respeito da Ferradura e estamos prontos para investir de forma a dobrar a capacidade da ferrovia no local.


Como ficará a questão tarifária?


Como foi mencionado anteriormente, todo o processo de renovação da concessão da MRS foi construído em consenso, com muito diálogo e busca de pontos em comum com todas as partes envolvidas. A ANTT tem o entendimento que a tarifa por tonelada pode ser reduzida, pois haverá incremento nos volumes movimentados. A nós, na MRS, cabe cumprir o que foi acordado e seguir com os investimentos previstos.


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