Porto aposta em operações de cruzeiros na região do Valongo

Ideia é evitar conflitos entre carga e passageiros, mas há um longo caminho até que o projeto vire realidade

Por: Fernanda Balbino  -  26/12/21  -  15:24
Ideia da SPA é transferir atividades de cruzeiros para a região entre os armazéns 1 ao 8, do Valongo, que estão deteriorados há muitos anos
Ideia da SPA é transferir atividades de cruzeiros para a região entre os armazéns 1 ao 8, do Valongo, que estão deteriorados há muitos anos   Foto: Divulgação/SPA

Aumentar a capacidade de atracação de navios no terminal de passageiros do Porto de Santos e ainda evitar conflitos entre embarques e desembarques de pessoas e operação de cargas. Este é objetivo do Governo Federal com o plano de transferência da atividades da região de Outeirinhos para o Valongo. Mas, ainda há um longo caminho para que isso se torne realidade.


A transferência das atividades demandará investimentos em infraestrutura e ainda abrirá a possibilidade de equilíbrio de contrato da atual instalação de cruzeiros no Porto de Santos. Os aportes deverão ser feitos na região entre os armazéns 1 ao 8, do Valongo, que estão deteriorados há muitos anos. Além disso, há necessidade de obras estruturais e interferências no trânsito da região.


Hoje, o terminal de passageiros Giusfredo Santini, administrado pelo Concais, na região de Outeirinhos, é responsável pelos navios de cruzeiro no Porto de Santos. O contrato de arrendamento da instalação será encerrado apenas em 2038 e, até lá, as operações estão mantidas. A partir daí, a área deverá ser destinada para operações de granéis minerais de desembarque.


De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Santos Port Authority (SPA), Bruno Stupello, o Concais foi procurado pela estatal. E manifestou que tem interesse em estudar a possibilidade de alteração. Porém, ainda existe a necessidade de conclusão de alguns estudos.


“Qualquer projeto feito em cima de terminal com contrato vigente exige reequilíbrio contratual. Existem algumas formas de se fazer esse reequilíbrio”, destacou Stupello. Segundo ele, essas formas serão definidas em estudos que ainda serão divulgados.


De acordo com o executivo, atualmente, a SPA avalia análises doadas por um consórcio, através de um chamamento público aberto para debater o assunto. “É o nosso plano A para desenvolver o terminal de passageiros com maior capacidade de movimentação, capacidade aquaviária e sem interferências com as movimentações de cargas que hoje acontecem na região de Outeirinhos”.


A questão voltou à pauta de discussões da comunidade portuária após o anúncio de que o governo pretende licitar um terminal de fertilizantes nas proximidades do Concais. O STS53 está em consulta pública até o mês que vem, mas especialistas apontam riscos decorrentes dessas operações nas proximidades de aglomerações de moradias e turistas. O governo nega.


Operações

De acordo com o diretor de Operações da SPA, Marcelo Ribeiro de Souza, hoje, as atividades do Concais enfrentam um limitador: apenas navios com até 315 metros de comprimento podem atracar em frente ao terminal. Com isso, nessa temporada, dos cinco navios previstos para receberem passageiros, somente um tem condições de atracar no local.


“Da mesma forma que vemos investimentos em porta-contêineres, isso não é diferente em relação aos navios de cruzeiro. Cada vez mais eles estão crescendo em comprimento e em termos de calado aéreo”, afirmou Ribeiro.


Por outro lado, com relação à infraestrutura aquaviária, os desafios de manutenção de calado são menores, explica o executivo. O serviço é de responsabilidade da Autoridade Portuária.


“Não adianta os terminais fazerem grandes investimentos e a Autoridade Portuária não mantiver uma infraestruura para operação, não tem como ter eficiência na operação. No caso dos navios de cruzeiro, eles têm calado menor e o desafio passa a ser menor para preparar uma área para essas operações do que um berço a 15 metros”, afirmou o diretor de Operações da SPA.


Concais ainda aguarda estudos de viabilidade

O Concais, empresa que administra o Terminal de Passageiros Giusfredo Santini, na região de Outeirinhos, apoia a transferência da instalação para a região do Valongo. Porém, a condição é que seja confirmada a viabilidade dos estudos que estão sendo realizados.


O contrato de arrendamento do atual Terminal de Passageiros do Porto de Santos será encerrado apenas em 2038 e, até lá, as operações estão mantidas, segundo a Santos Port Authority (SPA). Porém, a transferência da atividade para o Valongo ainda é objeto de estudos.


Eles foram solicitados pelo Concais para uma avaliação sobre a viabilidade operacional, econômica e financeira antes de qualquer decisão. “Além disso são necessárias as autorizações e licenças de todos os órgãos federais, estaduais e municipais, em especial os de proteção ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural”, destacou o terminal em nota.


O Concais ainda aponta que, após várias reuniões com a SPA e o Ministério da Infraestrutura, a instalação aguarda uma resposta sobre a “suspensão dos investimentos e uma clareza sobre a garantia plena das operações, no local atual do terminal, até que sejam concluídos os estudos”.


O Concais aponta que a transferência envolve também a Prefeitura de Santos, para que se tenha comprovação técnica e econômica da mudança de área.


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