Família confirma morte de menino de 12 anos que ficou em coma após desafio no Tik Tok

Morte ocorreu após uma intensa batalha judicial para tentar mantê-lo em tratamento de suporte à vida

Por: Estadão Conteúdo  -  07/08/22  -  18:22
Atualizado em 07/08/22 - 19:01
O menino de 12 anos teria ficado em coma após participar de um desafio na internet
O menino de 12 anos teria ficado em coma após participar de um desafio na internet   Foto: Reprodução Hollie Dance

A família de Archie Battersbee, que ficou em coma após realizar um desafio no Tik Tok, confirmou neste sábado (6) a morte do menino após uma intensa batalha judicial no Reino Unido para tentar mantê-lo em tratamento de suporte à vida. O menino de 12 anos ficou quatro meses em coma e morreu às 12h15 do horário de Londres (8h15 de Brasília), cerca de duas horas depois que o hospital começou a retirar o tratamento.


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Os tribunais britânicos rejeitaram o pedido da família de transferir Archie para uma instituição onde pudesse morrer "naturalmente" como desejavam, e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos recusou-se pela segunda vez a intervir no caso. "Ele lutou até o fim", disse a mãe de Archie, Hollie Dance, chorando do lado de fora do hospital. "Sou a mãe mais orgulhosa do mundo"


O menino sofreu dano cerebral severo após tentar um desafio do Tik Tok e os médicos recomendaram o desligamento dos aparelhos de suporte. Os cuidados de Archie tornaram-se objeto de semanas de discussões legais, enquanto seus pais tentavam forçar o hospital a continuar os tratamentos de manutenção da vida e os médicos argumentavam que não havia chance de recuperação.


Decisões anteriores da Justiça britânica concordaram com a recomendação médica, mas estenderam o prazo para permitir que os pais entrassem com novos recursos. Durante o julgamento, Paul Battersbee, pai de Archie, passou mal e precisou ser levado para o hospital.


A família pediu permissão para transferir Archie para um hospital psiquiátrico depois que os tribunais britânicos decidiram que era do seu interesse encerrar o tratamento. O hospital disse que a condição de Archie era tão instável que movê-lo aceleraria sua morte.


Na sexta-feira (5), a juíza do Supremo Tribunal Lucy Theis rejeitou o pedido da família, dizendo que Archie deveria permanecer no hospital enquanto o tratamento fosse retirado.


"Volto para onde comecei, reconhecendo a enormidade do que está por vir para os pais de Archie e a família. Seu amor incondicional e dedicação a Archie é um fio de ouro que percorre este caso", escreveu Thies em sua decisão. "Espero que agora Archie possa ter a oportunidade de morrer em circunstâncias pacíficas, com a família que significou tanto para ele quanto ele claramente significa para eles.’'


A disputa é o mais recente caso do Reino Unido que coloca o julgamento dos médicos contra os desejos das famílias. De acordo com a lei britânica, é comum que os tribunais intervenham quando pais e médicos discordam sobre o tratamento médico de uma criança. Nesses casos, o melhor interesse da criança tem primazia sobre o direito dos pais de decidir o que eles acreditam ser o melhor para seus filhos.


Archie Battersbee foi encontrado pela mãe gravemente ferido e com um objeto em volta do pescoço, na casa da família, em 7 de abril, de acordo com os documentos da Corte. O menino foi levado para o hospital, onde os médicos constataram o dano cerebral severo.


Hollie Dance disse acreditar que o menino sufocou enquanto tentava um desafio on-line viral, conhecido como "Blackout Challenge". Outras crianças morreram ou se feriram gravemente após assistirem o desafio no Tik Tok, segundo um processo aberto em maio pela mãe de Nylah Anderson. A garota de 10 anos foi encontrada pela mãe pendurada no closet, quase morta, em dezembro do ano passado, na cidade de Chester, Pensilvânia (EUA) Conhecida como uma criança divertida, Nylah morreu em um hospital cinco dias depois.


No processo, ainda são citadas quatro mortes de crianças entre 10 e 14 anos, de diferentes lugares no mundo. Assim como Nylah, Archie Batersbee era um garoto brilhante e que gerava um impacto por onde passava, segundo sua família.


Em entrevista ao Washington Post na época do processo de Nylah, um porta-voz do Tik Tok afirmou que o "desafio perturbador é anterior à plataforma e nunca foi uma tendência do TikTok".


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