Campanhas políticas em São Vicente costumam ser marcadas pela violência e ameaças

Ex-prefeito Luiz Carlos (Luca) Pedro foi alvo e atendado, em 1992, num palanque no Japuí. Desde então, registros de violência em campanhas eleitoras dão a tônica na disputa vicentina

Por: Por ATribuna.com.br  -  13/11/20  -  15:10
Atirador desferiu cinco tiros contra o veículo
Atirador desferiu cinco tiros contra o veículo   Foto: Carlos Nogueira

O atentado contra a candidata à prefeitura de São Vicente, Solange Freitas (PSDB), não é algo inédito na corrida eleitoral vicentina. Eventos violentos, mesmo que isolados, acontecem nas eleições pelo menos há quase 30 anos, afirmam assessores e políticos da primeira cidade do Brasil. 


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Responsáveis por campanhas políticas desde 1992, o hoje aposentado Elio Leite Silva, 69 anos, lembra um atentado sofrido pelo ex-prefeito Luiz Carlos (Luca) Pedro (1993-96). A tentativa de agressão ocorreu na corrida eleitoral que culminou na vitória do político, em um comício no Japuí.


Dias antes da votação, Luca discursava quando sofreu um atentado a tiros. O autor dos disparos acompanhava o pronunciamento do político, sacou uma arma no meio do público e desferiu em direção ao palanque. Luca não foi alvejado. 


O aposentado conta que já sofreu por diversas vezes de ataques e agressões realizando campanhas em 2004 e 2008. Mas a última foi trabalhando para um candidato em 2012. “Houve um primeiro momento de violência na reta final da campanha, ligaram para o comitê e mandaram o candidato se cuidar porque os dias dele estavam contados. Ele já tinha o carro blindado e passou a andar com colete por causa das ameaças”, conta. 


Para o aposentado a situação se agravou mais a partir da eleições de 2016, na qual dois candidatos aos cargos de deputados Federal e Estadual eram os únicos permitidos de fazer propaganda em alguns locais na cidade. “Muitas pessoas não permitiram que fosse colocado qualquer propaganda se não fosse dos dois. Isso para mim foi quando começou a se agravar todos os problemas de violência política em São Vicente”. 


A violência de 1992 nos tempos de hoje 2020 


O professor Maykon Santos, 36 anos, candidato a vice-prefeito em 2016, cita “várias batidas policiais” em comitês ou locais que achavam que seria ligado à oposição. Na reta final da campanha naquela ocasião, o grupo não pode entrar no bairro Fazendinha e Jardim Irmã Dolores.


“Decidimos virar a campanha para a Área Continental e nas áreas mais periféricas para ganhar mais votos, mas não podíamos entrar. No dia da eleição, quase apanhamos, por filmar compra de votos”, afirma o professor. 


Já nesse ano, ele afirma ter sido expulso do Sambaiatuba, sendo impedido de realizar campanhas em bairros periféricos. “Nossa equipe teve que sair da Vila Mariana, Humaitá”, explica Maykon.  


Situação parecida passou o publicitário Bruno Macena, 31 anos. Ele acredita existir "vários setores na política" que praticam esses tipos de ataques. Cita ainda ter sido "convidado a se retirar" de bairros periféricos enquanto conversavam com eleitores. “Acabei cedendo, pois não é interessante na nossa luta em coletivo virar um mártir”, explica o publicitário. 


Bruno acredita que a única forma de combater ação violenta é não se intimidar. “A impunidade da pessoa que mandou matar a Marielle dá força para essas pessoas acharem que podem fazer o que bem entendem. (Não se intimidar) é para que algo como o aconteceu com a Solange (Freitas), não aconteça com mais ninguém”, conclui Bruno Macena. 


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