Quase 200 servidores da Fundação Casa na Baixada Santista tiveram covid-19

Número representa quase 30% de trabalhadores que atuam nas unidades da região

Por: Tatiane Calixto  -  24/04/21  -  10:39
   Unidades de Guarujá e São Vicente são as que tiveram mais casos entre funcionários
Unidades de Guarujá e São Vicente são as que tiveram mais casos entre funcionários   Foto: Rogério Soares/AT

Boletim de quinta-feira do Conselho Nacional de Justiça aponta 8.605 casos de covid-19 e 67 óbitos pela doença no sistema socioeducativo no País. Todas as mortes foram de servidores, grupo com 6.560 casos. Entre os jovens, 2.045. Na Baixada Santista, segundo a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa), também não houve morte de internos, com três casos entre eles. Mas, 28,59% dos servidores (185) que atuam nas unidades da região foram contaminados e três morreram.


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Entre os servidores mortos, dois estavam afastados, e um, na ativa, na unidade de Mongaguá. Em números absolutos, as unidades de Guarujá (32) e São Vicente (49) tiveram mais casos entre funcionários. Três adolescentes foram infectados em Guarujá, Praia Grande e São Vicente.


Desde que a pandemia foi decretada, o sistema socioeducativo do Estado se viu pressionado a tomar ações de prevenção para evitar a disseminação do vírus. Por exemplo, a Justiça suspendeu a medida socioeducativa de nove adolescentes em internação provisória no Casa Praia Grande II. Desses, sete estavam em atendimento por ato infracional análogo ao tráfico de drogas, um por roubo qualificado e um por furto.


Outra medida que, diz a fundação, valerá enquanto o Estado ficar na fase vermelha do Plano São Paulo é a suspensão das visitas familiares. Contato, só por videochamada ou telefone.


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Problemas


Porém, conforme a diretora de Saúde do Sindicato dos Trabalhadores das Fundações Públicas de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Sitsesp), Antonia Alzira de Sousa, a situação está “precária”. A Fundação Casa não oferece equipamentos de proteção individual (EPIs) em número suficiente. e a carga horária é pesada, segundo Alzira.


O advogado Ariel de Castro Alves, especialista em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, pondera que a infecção nas unidades foi contida pela suspensão de visitas. “Porém, aumentaram as reclamações de falta de atividades. Aumentou a ociosidade dos internos, com aulas, cursos e atividades interrompidas. Isso prejudica bastante o processo socioeducativo”, avalia.


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Fundação responde


A Fundação Casa diz tomar todas as medidas necessárias e que, quando a pandemia foi decretada, criou um Comitê de Gerenciamento de Crise para preservar adolescentes e servidores. A fundação cita que todo adolescente que entra no sistema é posto em isolamento e dá máscaras de proteção a eles e aos servidores.


Também foram adquiridos insumos, como álcool em gel, luvas, sabão, oxímetro e termômetro. Foram suspensas as atividades presenciais e saídas externas dos adolescentes, exceto em emergências. As atividades pedagógicas foram substituídas por uma agenda especial aplicada pelos servidores.


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