Ida à praia pode refletir em aumento de casos de Covid-19 na Baixada Santista

Para coordenador estadual de controle de doenças, atitudes podem minar a retomada da economia regional

Por: Tatiane Calixto  -  02/06/20  -  12:01
Movimento na orla santista no domingo (31) chamou atenção e pode se refletir nos casos registrados
Movimento na orla santista no domingo (31) chamou atenção e pode se refletir nos casos registrados   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

“Se todo mundo foi à praia no domingo, tem risco de, daqui uma semana, haver aumento nos casos”. O alerta aos moradores da Baixada Santista é do coordenador de Controle de Doenças do Estado e membro do Comitê de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Paulo Menezes. 


Em entrevista para A Tribuna, ele afirma existir a preocupação de que a retomada gradual de setores da economia seja entendida “equivocadamente” como um retorno à vida normal. Ele ressalta que a Covid-19 é uma doença séria e, sem tratamento específico, só pode ser combatida com o isolamento social. 


“O objetivo das fases é dar a chance de algumas atividades serem retomadas com cuidado. Mas as pessoas precisam continuar se protegendo.Não podem ficar circulando como se nada estivesse acontecendo”. 


Achatamento 


Entre as responsabilidades do Comitê, está analisar números e traçar os possíveis cenários da pandemia no Estado, orientando o Governo. Por enquanto, de acordo com Menezes, não é possível dizer quando será possível ver a queda nos números do coronavírus.


O que se pode afirmar, por ora, é que São Paulo conseguiu achatar a curva da evolução dos casos. “Hoje, uma pessoa contamina uma pessoa. Mas o ideal é baixarmos essa taxa”. 


Para ele, é importante observar que não há um aumento “descontrolado” de óbitos e que o acréscimo de casos tem relação com a capacidade desenvolvida pelo Estado para testar a população. Mesmo assim, São Paulo, que chegou a ter 70% do total de casos de Covid-19 do Brasil, hoje representa menos de 30%.


Mudança de tom 


Mesmo com o achatamento da curva, a capacidade hospitalar preocupa. Tanto que causou estranheza a mudança de tom nas autoridades estaduais, que semanas atrás falavam sobre medidas ainda mais restritivas, como o lockdown, e divulgaram depois um plano de flexibilização da Economia.


Menezes nega que as questões econômicas tenham pressionado qualquer decisão. E afirma que o Plano São Paulo ficou pronto justamente quando houve uma mudança da dinâmica da pandemia em terras paulistas. 


“De fato, estávamos muito preocupados porque não atingíamos as taxas de isolamento necessárias, mas houve uma mudança na evolução dos casos, sendo menos intensa agora. A obrigatoriedade do uso de máscara em maio mudou esse cenário”. 


Baixada Santista 


O Estado reavalia os dados que podem reclassificar a Baixada Santista e permitir a flexibilização na região. No entanto, Menezes faz um alerta aos municípios. “A Secretaria de Estado da Saúde precisa trabalhar com a mesma base para todas as regiões. Então, os municípios precisam informar os dados com agilidade”. 


Conforme Menezes, a taxa de óbitos das cidades da Baixada estava demorando para ser lançada no sistema, assim os como leitos disponíveis na região não estavam no sistema do SUS e isso alterou a real taxa de ocupação.


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